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Lula viajou para o Fórum Social, em Dacar, num Falcon 2000 LX, do ex-vice José Alencar. Enquanto isso, um passarinho levou aos companheiros do PT a informação de que o ex-presidente estaria enciumado com os rumos do primeiro mês do governo Dilma. Estaria com certa inveja, sobretudo, dos elogios que a presidente vem recebendo dos jornalistas e dos donos dos jornais.

Até agora, Lula tinha decretado “silêncio obsequioso”, segundo os amigos, mas já há um forte clima de intriga nos corredores palacianos. As “viúvas de Lula”, como são chamados os assessores mais próximos do ex-presidente, não escondem o ciúme da criatura que tenta se diferenciar do seu criador.

Mesmo aos sussurros, a ciumeira do Lula chegou aos ouvidos do jornal inglês Financial Times, cujo editorial afirma que Dilma Roussef f “rompeu com as políticas de seu antecessor de várias maneiras animadoras”.

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O ciúme é uma doença que vem sendo estudada há alguns séculos, principalmente por filósofos, poetas, compositores e cornudos. Segundo o filósofo francês Pierre Charron (1541/1603), “por sua natureza e seus efeitos, o ciúme se aproxima da inveja. Porém, entre ciúme e inveja permanecem algumas diferenças. Na inveja, sentimos que outros possuem um bem que desejamos para nós, enquanto no ciúme defendemos um bem que julgamos nosso e que não desejamos ver partilhado com outrem”.

William Shakespeare (1564/1616), por sua vez, clamou aos céus: “Meu Senhor, livrai-me do ciúme! É um monstro de olhos verdes, que escarnece do próprio pasto que o alimenta. Quão felizardo é o enganado que, cônscio de o ser, não ama a sua infiel! Mas que torturas infernais padece o homem que, amando, duvida e, suspeitando, adora”.

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Ninon de Lenclos (1620/1705), uma cortesã francesa também conhecida como Walpole (Nossa Senhora dos Amores), escreveu com conhecimento de causa: “As mulheres não gostam do ciúme do homem que não amam, porém lhes desagrada bastante que o homem amado não demonstre algum ciúme”.

Na música popular brasileira, o ciúme é um prato cheio. De Roberto Carlos (Este telefone que não para de tocar / Está sempre ocupado quanto eu penso em lhe falar / Quero então saber logo quem lhe telefonou / O que disse, o que queria e o que você falou / Só de ciúme, ciúme de você) ao Ultraje ao Rigor (Eu quero levar / Uma vida moderninha / Deixar minha menininha / Sair sozinha / Não ser machista / E não bancar o possessivo / Ser mais seguro / E não ser tão impulsivo… / Mas eu me mordo de ciúme).

Na esperança de que o ciúme ainda não tenha se aproximado da inveja, entre filósofos, poetas e compositores, fico com a frase que ouvi alhures de um cornudo:

– O ciúme é um latido que chama a cachorrada!