Alô, alô, Terezinha, Curitiba continua linda. Deu praia nos últimos dias e as garotas a desfilar de fio dental na orla do Barigui inspirariam lascivos poemas ao poeta Vinícius de Moraes.Vento do mar e o meu rosto no sol a queimar, queimar. Calçada cheia de gente a passar e a nos ver passar. Curitiba, gosto de você. Gosto de quem gosta. Deste céu, deste mar, desta gente feliz. Bem que eu quis escrever um poema de amor.

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Cidade maravilhosa, domingo pegamos praia na Manoel Ribas, a caminho de Santa Felicidade. Cheia de encantos mil, a Comendador se insinua em direção à Rua das Flores como um belo corpo de mulher banhado por praias acolhedoras.

Depois de comprar o jornal na banca da Boca Maldita, caímos na triste realidade desta nossa cidade maravilhosa, jardim florido de amor e saudade, terra que a todos seduz, ninho de sonho e de luz. Alô, alô, Alto da Glória, aquele abraço! Alô, torcida rubro-negra, aquele abraço! Alô, torcida paranista, os nossos pêsames: Diego Henrique Raab Gonciero, 16 anos,morreu neste domingo com um tiro na cabeça em frente à sede da torcida organizada Fúria Independente, na Vila Capanema. “De repente, apareceram três carros, um deles já com a mão para fora, atirando a esmo”, contou uma testemunha.

Coincidência. Fecho o jornal e eis que aparece o repórter policial Ali Chaim. O carrapicho pediu café e puxou conversa, folheando o caderninho de anotações: “Essa cidade maravilhosa – berço do samba e das lindas canções que vivem n’alma da gente, altar dos nossos corações que cantam alegremente – já não é mais a mesma do nego Lápis”.

– Chaim, esta cidade está perdendo seus encantos mil.

– Mas, por enquanto, ainda estamos 408 quilômetros distantes de São Paulo.

– Cuidado com uma bala perdida! – alerta Ali Chaim, que segue em frente assobiando Tom Jobim: “Minha alma canta / Vejo Curitiba / Estou morrendo de saudades / Curitiba, seu mar / Praia sem fim / Curitiba, você foi feita pra mim”.

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