Charque do vapor

Vapor é o nome genérico do tipo de barco que atravessava o Rio Iguaçu e de que resta, “ancorado” nas terras de São Mateus do Sul, o “Peri”, com o casco carcomido pelo tempo. Quando ele navegava carregado de erva-mate, charque era a peça principal do cardápio da tripulação. Feito “no vapor”, quando a peça de carne seca com ajuda do sal era retirada de seu gancho na popa do navio e cozida no fogão de bordo, perto da proa. O vapor da caldeira aumentava a força e o calor do fogo.

Esse tipo de charque foi a base de um almoço especial no último sábado, em São Mateus do Sul, sob a batuta de Manoel Damião Ribeiro, o Damião Carioca, único herdeiro e fiel depositário da receita dos antigos cozinheiros de bordo.

Damião Carioca enfrentou desde cedo as panelas para reproduzir o prato típico dos vapores em três versões: charque frito, charque ensopado simples e charque ensopado com batatas. No acompanhamento, salada de alface e cebola, arroz com charque, feijão quase feijoada e couve com toicinho frito. O “pulo do gato”, segundo Damião, é dois dias antes cortar a carne e deixar de molho na água fria, que vai sendo trocada a cada seis horas. Isso, porque “água quente tira o sal, mas incute o ranço”.  

Mais uma boa pimenta caseira, farinha passada na manteiga e ficou tudo nos trinques para o ‘charque do vapor” que será uma dos temas do número 1 da revista “Helena”, próximo lançamento da Secretaria Estadual de Cultura, com texto do ex-reitor Carlos Antunes.