Depois que os consorciados da Região Metropolitana cancelaram a licitação para a escolha da empresa que iria cuidar do lixo, o problema do aterro sanitário voltou à estaca zero. Ou seja, voltou aos velhos tempos do aterro da Caximba, quando o problema do lixo em Curitiba não era tão assustador quanto se pensa hoje. É ainda mais grave. O que em princípio parecia ser uma pendenga política provinciana nada mais era do que uma questão gramatical. Afinal, qual seria o certo: Cachimba com ch ou Caximba com x?

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O X do problema, ou o CH do problema, estava nos cartazes dos moradores que, em 2009, pediam com toda a razão o fechamento daquele aterro: “Chega de lixão na Caximba!” (com X) ou, “Lixão: na Cachimba não fica!” (com CH). Bons tempos, quando o problema do lixo em Curitiba era uma questão gramatical. A Academia Paranaense de Letras estava dividida: alguns imortais professavam a Cachimba com CH; outros defendiam a tese da Caximba com X.

Um dos melhores defeitos e piores qualidades de Curitiba reza que estão nos piores venenos as melhores soluções. Assim sendo, não são poucos os que sugeriram mandar nossos lixeiros para fazer curso de especialização em Napoli, na Itália. Como se sabe, depois do Vesúvio a maior catástrofe napolitana é a Camorra, organização não-governamental que tem a concessão do lixo na cidade. Os mafiosos do lixo lucram em todos os planos e têm todo o interesse que a crise perdure por séculos, porque ganham bilhões de euros armazenando os dejetos em lixeiras ilegais, em áreas clandestinas e na recolha do lixo, depois jogando a “immondizia” hospitalar e tóxica em vinhedos onde produzem o que bebem. Adaptar os métodos da Camorra napolitana para Curitiba seria relativamente fácil. Bastaria convocar para a empreitada a máfia de alguns políticos habituados a botar a mão no chorume.

Difícil é resolver a questão crucial: Cachimba com CH ou Cachimba com X?

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