A frase mais famosa da história do Paraná – se não estou assim desinformado – é a do interventor Manoel Ribas aos fazer uma de suas incertas inspeções de governo pelo Estado adentro. Ao chegar na Lapa, encontrou a prefeitura fechada. Sentados no meio-fio, alguns poucos lapeanos foram testemunhas da sentença:

continua após a publicidade

– Lapa, berço de heróis, terra de vagabundos!

Daí em diante o dito foi adaptado para outras cidades do Paraná:

– Morretes, berço de artistas, terra de cachaceiros!

continua após a publicidade

-Paranaguá, berço do Paraná, terra de mentirosos!

E mais recentemente, graças às quadrilhas recém-desbaratadas, diria Manoel Ribas:

continua após a publicidade

– Londrina, berço de pioneiros, terra de corruptos!

Para quem só conhece Manoel Ribas como avenida em direção a Santa Felicidade, acaba de ser lançado o livro “Desvendando Manoel Ribas – o homem, a obra, o mito” (351 páginas, edição Sesc-PR), do advogado e empresário Fernando Fontana, casado com a neta do interventor que governou o Paraná de 1932 a 1945.

Da vida e obra de Maneco Facão – como era popularmente conhecido -, ficou o legado de obras importantes para o Paraná moderno e, como não podia deixar de ser, uma série de causos bem próprios de um pontagrossense que iniciou sua carreira política no Rio Grande do Sul, sob as asas de Getúlio Vargas.

“Causo” clássico de Maneco Facão aconteceu nos jardins do Palácio São Francisco, quando foi confundido com o jardineiro e travou conversa com um caboclo que buscava ajuda do governo.
Com sua origem campeira, Manoel Ribas perguntou ao pobre homem:

– E se o senhor não for atendido pelo governador, o que há de ser feito?

– Nesse caso, aí eu mando o Maneco Facão à PQP!

– Horas depois, já na fila do gabinete, o homem que ficara nos jardins à espera da abertura da porta do palácio é convidado a entrar. Frente a frente com o jardineiro com quem conversara horas antes, o caboclo se queixa da insegurança e da luta da família com os grileiros invasores de suas terras. Terminada a conversa, Manoel Ribas voltou a perguntar:

– E se eu não o tivesse atendido, o que haveria de ser feito?

– Aí, senhor governador, ficaria como nós combinamos lá embaixo…