Catacumbas de Curitiba

Obras de restauro e revitalização do Paço Municipal, na Praça Generoso Marques, revelaram novidades históricas: foram descobertos sítios arqueológicos remanescentes do antigo Mercado Municipal, que funcionou no local de 1874 até 1914, quando começou a construção do Paço inaugurado em 1916.

A exemplo da velha calçada da cidade encontrada na Praça Tiradentes, que está sob uma cobertura de vidro, a idéia é deixar os resquícios da velha Curitiba em exposição permanente. Na Praça Generoso Marques há vestígios do piso de ladrilho hidráulico, pequenas pilastras e paredes do antigo mercado.

Quando começarem as obras do metrô de Curitiba, daqui a mais ou menos 500 anos, os técnicos devem encontrar sítios arqueológicos fantásticos ao longo das escavações. De norte a sul, leste a oeste, os curitibanos do ano 2500 ficarão espantados com os estranhos achados sob a grossa camada de entulhos remanescentes deste início de século, que se diz moderno.

Nas futuras catacumbas de Curitiba, bem abaixo do metrô, os arqueólogos vão se deparar com imenso depósito de pequenos objetos estranhos, cuja utilidade vai provocar muita celeuma entre os cientistas. Depois de vários pareceres, enfim, vão chegar à conclusão que aquilo se trata de um sítio arqueológico de telefones celulares.

Ao examinar internamente um deles, o cientista vai dizer: “Era um aparelho que os antigos usavam até para falar, inclusive. Naquele tempo, o homem tinha o estranho hábito de falar sozinho na rua. E, no final do século XX, esse celular substituiu os sinais de fumaça”.

Entre outros sítios arqueológicos das catacumbas de Curitiba, serão encontradas as seguintes bizarrices: O homem nu da Praça 19, vulgo João Cachorro, escultura de Erbo Stenzel; as duas meias pracinhas do Batel; o Terminal do Guadalupe; a Boate Metrô e o restaurante Gato Preto, na Cruz Machado; a Igreja Batista ao lado do Castelo do Batel, que vai chamar a atenção pelo seu tamanho, depois de 500 anos ainda não estará terminada; a estátua de David nas imediações do Barigüi Park Shopping; a Estátua da Liberdade da Havan; a horrorosa estátua do Papa João Paulo II, no Bosque do Papa; o Rio Belém ainda estará cheirando podre.

Além daquele mural artístico pintado na fachada do prédio da prefeitura, o “cavalo babão”, do setor histórico, será motivo de simpósio internacional de arte para analisar aquela obra do escultor Ricardo Tod. Depois de muitas pesquisas, finalmente descobrem uma página de jornal com uma declaração do ex-prefeito Rafael Greca acerca do “cavalo babão”: “Prefiro não entrar no mérito do julgamento, já que assim são os grandes artistas. Conseguem irritar a mediocridade até depois de mortos. Ricardo Tod morreu como artista da galeria do Louvre, em Paris”.

Quando cavarem o metrô em direção ao Centro Cívico, daqui a 500 anos, os urbanistas ficarão surpresos com as catacumbas do Shopping Mueller e, o mais incrível: o miolão de quadra na frente do Mueller, na Cândido de Abreu, ainda estará lá, intacto. Com toda aquela favela. Do Passeio Público, só restará a múmia de um macaco comendo pipoca.

A obra mais demorada do metrô, daqui a meio milênio, será aquela em direção ao bairro da Água Verde. Em toda a área, serão encontradas catacumbas de valor histórico incomensurável. No entanto, a catacumba que vai atrair mais visitantes será o que restou da mística Arena da Baixada. Milhões e milhões de devotos curitibanos farão peregrinação pelos corredores da Arena e, o mais impressionante: as escavações vão revelar ao mundo o santuário erguido no meio do gramado em honra ao santo padroeiro do povo rubro-negro: São Geninho.

Nas catacumbas atleticanas, até o papa virá de Roma para abençoar a estátua de São Geninho. Depois disso, milagres nunca antes imaginados devem acontecer, e até o metrô de Curitiba será inaugurado. Enfim, fomos abençoados pelo óleo dos catecúmenos de São Ge,ninho.