Casório em Botiatuba

Se Santa Clara clarear e Nossa Senhora de Czestochowa (padroeira da Polônia) nos abençoar com bom tempo, todos os caminhos de Curitiba podem nos levar a conhecer “Botiatuba e seus encantos (Trajetória dos imigrantes poloneses)”, título do livro agora mesmo lançado por Pedro Martim Kokuszka.

Botiatuba, nas bandas de Santa Felicidade, tem esse belo nome graças aos butieiros e aos butiás que faziam bonito nas beiradas do Rio Barigui, onde na sanga do Botiatuba se pescava muito lambari do rabo vermelho. Das paragens do Botiatuba, Botiatuvinha, Boixininga, Pacotuba, Caximba, Juruqui e Barigui são as histórias que Pedro Kokuszka conta, cenários que também aproveitei para ambientar o meu livro “A Banda Polaca – Humor do imigrante no Brasil Meridional”.

Num desses causos contamos como tudo começou na vida da Mariska, que lá de Botiatuba acabou se casando com o Stacho da Cruz do Pilarzinho. E a animada vida de casados da dupla já se desenhou no dia do matrimônio. Foi um casamento como deve ser: na saída da igreja, em direção da casa da noiva, uma caravana de carroças seguiu os noivos, saudando os vizinhos, que respondiam com foguetes de um tiro. Na chegada à casa colonial, foguetórios de três tiros e um túnel de flores, até o banquete armado sob as lonas dos carroções, fartamente provido para durar conforme a tradição: três dias e três noites.

Pouco antes de chegar o último carroção, Ladjo, o irmão mais novo da Mariska, foi o primeiro a reparar no súbito desaparecimento da noiva:

– Panie, Mariska desapareceu da vista.

Panie, o pai da noiva, deu mais um gole de piwo (cerveja) e ordenou:

– Procura, Mariska, Ladjo! Vai procurando…

O mano voltou num átimo com a notícia:

– Mariska estando lá na roça, esticada embaixo do pé de péra!

– E o que Mariska está fazendo esticada embaixo do pé de péra?

– Mariska parecendo morta! Só o Stacho ainda mexendo bundinha!