“O comércio parece bordel na Semana Santa: está aberto, mas ninguém vai!” – comentou Jaguara, o Animador de Velórios dos Campos Gerais, ao observar o marasmo no comércio em geral. Até nas funerárias o movimento é tão pouco que, como tudo está pela hora da morte, o povo não tem botado a mão no bolso nem mesmo para bater as botas. A crise é de assustar. Chegou a tal ponto que, de sua parte, o Jaguara até concorda com o diagnóstico do Lula sobre a gravidade da economia: “Não é porque uma criança está com febre que a gente vai enterrar”.

continua após a publicidade

No meio da semana o Jaguara foi chamado ao velório do Zé Navalha, dono de uma rede de “luz vermelha” nos Campos Gerais. As famosas “Casas das Prima”. Foi ao ouvir as queixas das funcionárias do falecido que o Jaguara se convenceu de que, sem dúvida nenhuma, a crise chegou ao pé da cama. “Luz vermelha”, todos sabem, são aqueles modestos bordéis de beira de estrada, quase sempre anexos a uma borracharia ou uma oficina mecânica. A crise chegou lá de tal maneira que nem para trocar o óleo os viajantes aparecem.

A crise revela muita ganância, mas também alguma generosidade. Não que a Dilma Rousseff tenha matado o Zé Navalha, mas que o noticiário político apressou o passamento, isso apressou. Com isso, nem as “Casas das Prima” do Zé Navalha escaparam dessa broxada geral. Até bem pouco tempo, na “luz vermelha” do Zé Navalha a tabela de preços dependia da cara do freguês: fazendeiro pagava dobrado, turista de passagem pagava o triplo, motorista de caminhão pagava inteira, vizinho tinha 20% de desconto e estudante pagava meia.

Depois que a dona Dilma abriu a caixa de ferramentas do Joaquim Levy, o Zé Navalha nivelou os preços pra baixo e fez uma liquidação de inverno do estoque imobilizado: “Pague uma, leve duas!”.

continua após a publicidade

Sob nova direção, não se sabe ainda quem mexeu na tabela de preços das “Casas das Prima”. Desconfia-se que Joaquim Levy tomou conta do negócio.