Casa e pantufa

Vamos botar na ponta do lápis. Quanto tempo você desperdiça para ir e vir ao trabalho? Quanto ganhariam a cidade e o meio ambiente se você fosse incentivado a trabalhar na sua residência?

Qualquer urbanista imagina essa possibilidade desde o jardim de infância. Muito se discute, muito se estuda, muitos planos foram para a gaveta (no tempo da gaveta, hoje vai para o pen-drive) e enquanto isso o trânsito continua cada vez mais congestionado e lento. Uma simples ida ao dentista demanda os noventa minutos de uma partida de futebol. Se chover, o engarrafamento leva a partida para os pênaltis.

Como todos sabem, Curitiba tem um automóvel para cada dois habitantes e, dentro de cada automóvel, dois arquitetos. Praticamente todos os curitibanos são urbanistas, com exceção de Dalton Trevisan. Este bravo pedestre nunca deixou de ser escritor, graças a Deus.

Assim sendo, custa crer que o poder público pretenda investir milhões e milhões de dólares (da cornucópia de aditivos que sugam os cofres públicos não saem cifras exatas) na construção do metrô.

 Essa incalculável fortuna deveria ser investida num projeto de incentivo para as pessoas trabalharem em suas casas. Na pior das hipóteses, da casa para o trabalho, na distância máxima de uma saudável caminhada de dez minutos.

Como realizar tal proeza? Podemos começar pelo livro que Marina e André Brik vão lançar no próximo mês de setembro: “As 100 dicas do Home Office”, um guia básico para quem deseja montar e manter um escritório dentro de casa. Primeira publicação sobre o tema no Brasil, a obra aborda 100 tópicos, divididos em 11 capítulos, fundamentais para o exercício do “home office”, o trabalho em casa.

André Brik é publicitário e Marina Sell Brik, jornalista. Ele começou a trabalhar de casa em 2003 e influenciou a escolha dela, em 2006. A partir daí, os dois curitibanos criaram o blog Go Home (www.gohome.com.br), com dicas, notícias e troca de experiências sobre o assunto, com cerca de 6.000 acessos únicos mensais.

Segundo André Brik, “quando resolvemos trabalhar em casa, precisamos adotar algumas medidas que permitem que o “home office” não se transforme em uma grande dor de cabeça. Regras como preparar a família – em especial os filhos – para a mudança, estabelecer o local de trabalho, lidar com a autonomia e solucionar problemas comuns, como o isolamento profissional e a preguiça, podem garantir o sucesso dessa nova empreitada”, completa o autor.

Depois de comprar o livro de Marina e André, o passo seguinte para trabalhar em casa também não custa caro: uma pantufa!