Em meados do século passado, Curitiba era conhecida como Cidade Sorriso, graças ao poeta, jornalista e caricaturista sergipano Hermes Fontes (1888-1930), que publicou uma crônica sob este título em 25 de fevereiro de 1929, na Gazeta do Povo. O simpático sergipano, que no Rio de Janeiro atuou nos mais importantes jornais e revistas de então, deve ter passado uma gloriosa temporada em Curitiba, para deixar para a história da cidade epíteto tão glorioso.
Ó glória, glória triste, excelsa glória, / irmã do amor e da felicidade! / Visão miraginal da trajectória / curta de nossa curta Mocidade! – escreveu Hermes Fontes, sem deixar indicativos de que os versos tenham sido feitos numa mesa de literatos do Bar Stuart.
Na década de 1970, diante da revolução urbana que deixou a cidade mundialmente conhecida por sua modernidade, Curitiba passou a ser conhecida como a “Capital de Jaime Lerner”.
Depois da Rua das Flores e do ônibus Expresso, os curitibanos podiam viajar para qualquer lugar do mundo que a pergunta era sempre a mesma: “Lives in Brazil or in Curitiba? Oh, yes! Jaime Lerner!”. Claro que isso é um exagero, pois muitas pessoas no mundo conhecem Curitiba através da obra de Dalton Trevisan.
Também foi na década de 1970 que o Brasil do “Ame-o ou deixe-o” implantou a mania de batizar as cidades com epítetos dos mais ufanistas. No Paraná, por exemplo, epíteto virou tal praga que nem mesmo os mais poderosos herbicidas conseguiram exterminar: assim como Campo Largo é a Capital da Louça; Araucária é Capital do Pêssego; Contenda, Capital da Batata; Colombo, Capital da Uva; Toledo, Capital do Porco no Rolete; Cianorte, Capital da Moda; Ponta Grossa, Capital Cívica; Maringá, Cidade Canção; Campo Mourão, Capital do Carneiro no Buraco; Apucarana, Capital do Boné; Arapongas, Capital dos Móveis; e São José dos Pinhais, Capital dos Aviões. Na virada do século, muita coisa mudou. Especialmente em Londrina e Curitiba. Com os escândalos financeiros e políticos advindos do Mensalão e do Lava Jato, nada mais será como antes. Se antes Londrina era conhecida como a Capital do Café, vergonhosamente um bando de corruptos a transformou na Capital da Corrupção.
Por sua vez, Curitiba já não é mais a Capital Ecológica. Agora pode ser chamada de Capital dos Corruptos, como muito orgulho e graças ao juiz Sérgio Moro (foto).