Cem Gramas e Meio Quilo eram dois repórteres policiais de peso da imprensa paranaense. A dupla de peso-pesado tinha suas próprias metodologias de investigações criminais.

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Certa vez os donos do jornal nomearam um “bunda mole” (era como os carrapichos tratavam os superiores) qualquer para chefiar a redação.
– Chefia – gritou Meio Quilo com a mão no telefone -, mataram o guarda!

– Onde, quando, como e por quê? – perguntou o “bunda mole”, repetindo o que aprendeu na faculdade.
– Ali no bar da esquina! – respondeu o Cem Gramas.

– Quero uma foto para a primeira página!

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Minutos depois, Cem Gramas e Meio Quilo estavam de volta com o autor do crime:

– Taqui chefia, aquela que matou o guarda!

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E botaram na mesa do “bunda mole” uma garrafa da pinga Tatuzinho.

Como se sabe, “aquela que matou o guarda” era uma mulher que trabalhava para D. João VI e se chamava Canjebrina. Também conhecida por cachaça. Ela teria matado um dos guardas de confiança da corte do Imperador. O fato não foi provado, mas a Canjebrina sempre levou a culpa por ter matado o guarda.

Por serem dois dos repórteres de peso, Cem Gramas e Meio Quilo seriam as pessoas certas para investigar os mistérios do Centro Cívico. O primeiro deles, obviamente de máxima urgência, seria investigar as causas da bancarrota do Estado.

Se a culpa não é do mordomo, quem sabe fosse da mordomia? Não é do conhecimento público, no entanto muito se especula acerca da Adega Oficial do Estado. Dizem as más línguas – com muitas doses de inveja -, que só os vinhos dariam para abastecer as viaturas da Polícia Militar. De álcool, naturalmente. Se isso tivesse um pingo de verdade, seria um ponto de partida para os repórteres Cem Gramas e Meio Quilo chegarem à conclusão de sempre:

– A culpa é da Canjebrina!  

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Dante Mendonça está de férias. Vale a pena ler de novo suas crônicas.