Depois dos “Canarinhos de Petrópolis” – coral formado pelos Meninos Cantores de Petrópolis e que muito sucesso fazia no Brasil em meados do século passado, inclusive chegando a cantar com Milton Nascimento -, agora temos os “Canarinhos de Teresópolis”, craques do gogó, formados na Granja Comary para ganhar a Copa do Mundo no grito do Ipiranga.

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A família Scolari, nestas alturas do campeonato, está tão necessitada de forças extracurriculares que está apelando para os exercícios nas cordas vocais:

– Meninos – ordenou Felipão -, hoje vamos cantar à capela!

– À capela, professor?

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– A capella!

– Mas professor, a capela fica muito longe aqui da Granja Comary. Será que não dá pra cantar capelinha de Nossa Senhora de Caravaggio que o Murtosa leva na bagagem para pagar as promessas?

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Afinal, que “capela” é essa que tanto fala o Galvão Bueno? – deve estar se perguntando a torcida brasileira. Como o Arnaldo César Coelho não explica, perguntei ao pianista Noel Nascimento Filho a origem da palavra que tanto tem maltratado o Hino Nacional nestes últimos dias.

“A capella” se origina de uma forma de execução musical que nasceu na Itália primeiramente em igrejas, com corais cantando melodias simples em uníssono. A isso foi acrescentado aos poucos o acompanhamento de instrumentos, os quais tocavam a mesma melodia em uníssono. Com a música de Vivaldi e Bach, especialmente, isso perdeu a característica de melodia idêntica nos instrumentos e coro para uma forma mais sofisticada, a do contraponto e de múltiplas vozes, como também de acompanhamento harmônico. A partir do século XIX a expressão passou a ser designada para música simples utilizada em cerimonias públicas e abertas, sendo preferidos os instrumentos de sopro e as bandas, vindo assim a tornar-se música preferida em cerimonias cívicas e militares. Quando alguém menciona que o coro está sozinho e sem acompanhamento, indica a ideia inicial de vozes em uníssono, sem acompanhamento de qualquer instrumento.E aí usam o termo “à capela”, oriundo do século XVII”.

Filho do escritor e membro da Academia Paranaense de Letras Noel Nascimento – que neste domingo será lembrado com uma missa de um ano de falecimento na igreja do Rosário, às 17 horas -, o pianista Noel Nascimento Filho tem uma das mais brilhantes carreiras musicais do Brasil: aos quinze anos vencia concursos juvenis de piano de âmbito nacional, como o Concurso Jovens Instrumentistas do Brasil, e aos vinte anos viajou para a Alemanha para seguir seus estudos em Munique. Noel Nascimento Filho, ganhador do Concurso Internacional de Música de Câmara de Tóquio, já se apresentou em concertos e recitais no Brasil e exterior, como solista de diversas orquestras. Além de suas apresentações como pianista, atualmente ele tem se dedicado às atividades didáticas e pedagógicas em Berlim, onde atualmente mora e atua.

Sobre os “Canarinhos de Teresópolis”, Noel Nascimento Filho conta que tem acompanhado os jogos da seleção brasileira: “Assisti aqui em Berlim. Não sei explicar causas, mas pra mim falta aquele jogador criativo de meio campo e, ao mesmo tempo, um que tenha uma cabeça de líder. Deixar Robinho e Cacá de fora é muito estranho, nem que ficassem no banco”.