Cadê a barriga do Rei Momo?

Com Carlos Fernando Mazza no centro da roda, na manhã dessa segunda-feira a repórter Caroline Mafra nos entrevistou para um balanço inicial do Carnaval que foi oficialmente aberto no domingo. A conversa no Bar Stuart passou pelos velhos corsos da Rua das Flores, atravessou o Centro Cívico e chegou à rua Marechal Deodoro, o verdadeiro endereço do Rei Momo em Curitiba, conforme ficou provado neste domingo, quando mais de dez mil pessoas acompanharam o bloco Garibaldis e Sacis pelo centro da cidade.

O povo gosta de ser recebido com o que temos do bom e do melhor, de preferência na sala de visita. Ao lado da Rua das Flores, a Marechal Deodoro é uma das salas de visita de Curitiba. O Centro Cívico é um quarto de despejos, o seguro refúgio daqueles que deram o palpite infeliz de mandar o Momo para a Tonga da Mironga do Kabuletê. 

No Carnaval do Paraná, quem sabe o que diz é Carlos Fernando Mazza, irmão de Luiz Geraldo Mazza, o jornalista que é o rei da fuzarca na imprensa. Nos tempos em que a nossa Praça da Apoteose era o chafariz da Praça Osório, foi no quintal da família Mazza que a finada “Escola de Samba Não Agite” fez sua primeira evolução. Em se tratando de folia, “Não Agite” é uma contradição que só poderia existir em Curitiba. À parte o paradoxo, uma escola de samba num clube de futebol fundado por alemães já é um despautério. O fato é que a “Não Agite” nasceu dentro da casa da família Mazza, nas proximidades do Estádio Couto Pereira. Começou como um bloco de salão e logo botou o Coritiba Futebol Clube para sambar, com o seu venerado estandarte alviverde. Antigo produtor de música e televisão, Mazzinha foi o filho mais novo que chegou a ser presidente da “Não Agite”, com apenas 17 anos, em 1965. Isso depois de muito folguedo nas ruas e salões, desde 1954, quando tinha então tenros sete anos de idade.

Por sua vez, Luiz Geraldo Mazza (Lulu) é um caso à parte. Sósia do cantor Charles Aznavour, consta que em 1973 Luiz Geraldo foi visto pela última vez na avenida ao lado do folclórico Esmaga, da Boca Maldita, atrás de um Trio Elétrico que Jaime Lerner havia importado da Bahia. Estavam tentando engrenar alguma animação, quando Esmaga pegou Luiz Geraldo Mazza pelo braço e falou ao ouvido do encabulado: “Lulu, será que não vai pegar mal nós dois aqui, atrás desse Trio Elétrico?”.

O que não vai pegar bem será a barriga do novo Rei Momo? Para seguir a tradição da “Escola de Samba Não Agite” – um paradoxo contido no próprio nome -, na entrevista com a jornalista Carolina Mafra também lembramos da infeliz escolha do Rei Momo desse Carnaval, um mancebo que mais parece representante das academias de ginástica. Com o Rei Momo assim magrinho – um palito, para os padrões momescos -, agora o que se teme é que os novos dirigentes façam da Rua Marechal Deodoro uma passarela para o eleitorado politicamente correto.