Nesses tempos politicamente corretos, o assunto é delicado. Delicado porque a prudência nos ensinou, nesses 40 anos de jornalismo, que raça e religião são dois fios desencapados que requerem cuidados especiais.

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O tema pede cautela, mas isso não quer dizer que não temos palavras para transmitir a percepção de que a hipocrisia do poder econômico ainda não se acostumou com a cor da pele do presidente americano. Nesses tempos economicamente incorretos, depois que a agência Standart & Poor´s rebaixou a nota de crédito dos Estados Unidos, agora só falta os adversários compararem Barack Obama com um Buraco Negro.

Depois do insulto, os republicanos da Ku-Klux-Klan serão chamados a se manifestar no portão da Casa Branca, os aposentados de Miami vão ter um troço, Fidel Castro vai oferecer asilo político para a família Obama e os tabloides londrinos devem anunciar o fim do mundo.

Buraco Negro, sabemos, são os imensos vazios do espaço sideral que atraem e aniquilam toda a matéria que entra em seu campo de ação. São inimagináveis sorvedouros em que até o tempo desaparece. Conforme a Teoria Geral da Relatividade, um Buraco Negro é uma região do espaço de onde nada pode escapar. É a garganta profunda do universo. Ou como ensinam na escola, “um Buraco Negro é limitado pela superfície denominada horizonte de eventos, que marca a região a partir da qual não se pode mais voltar”.

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Einstein e muitos físicos não acreditavam que tal fenômeno pudesse acontecer no universo real. Porém, provou-se que esse fenômeno de fato acontece. E o Buraco Negro não só acontece no espaço sideral – que dentro da nossa ingnorância podemos também chamar de Fim do Mundo -, como também ocorre com frequência no Brasil.

Todo mês é localizado um Buraco Negro em Brasília, e com ele desaparecem ministros e demais comparsas. O mais rumoroso e recente foi o Buraco Negro do Ministério dos Transportes. E na manhã de ontem o famigerado vazio tragou o Número 2 do ministério do Turismo e mais 37 componentes da quadrilha cinco estrelas.

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Se na campanha eleitoral o compararem com um Buraco Negro, que Barack Obama não se amofine. Nos Estados Unidos o fenômeno costuma abocanhar o mundo. No Pós-Guerra, existia o Buraco Negro da Guerra Fria, gulosa de recursos para sustentar as briguinhas entre comunistas e capitalistas. Na década de sessenta Tio Sam tinha o Buraco Negro do Pentágono, que sorvia os jovens para o Buraco Negro do Vietnam. E assistimos pela CNN, ao vivo e em cores, o Buraco Negro chamado George W. Bush torrar o que tinha nos cofres para alimentar o Buraco Negro do Iraque.