Com a autoridade de quem já acompanhou todo tipo de guardamento durante tantos anos de profissão, o Animador de Velórios dos Campos Gerais fala com toda a certeza: a esperança sempre é a última que morre. E é por isso que o Jaguara está esperançoso com a recuperação do Atlético Paranaense.

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– Para quem estava com o pé na cova, agora está no bico do corvo.

Contratado para dar um certo ânimo aos descrentes atleticanos, o Jaguara confessa que na Arena da Baixada só passou por maus momentos quando precisou fazer uma preleção à equipe, com a presença do então técnico Renato Gaúcho:

– Comecei elogiando o bravo povo do Rio Grande do Sul, aquela gente que é brava em tudo que faz. Conforme se diz lá em Guarapuava, disse então que gaúcho é bom em tudo: na literatura, na música, na pintura, na agricultura e na pecuária, principalmente na política, conterrâneos que são de Jango, Leonel e Getúlio. Contudo, os gaúchos só não sabem fazer três coisas: montar a cavalo, churrasco e chimarrão.

Renato Portaluppi ficou ofendidíssimo e pediu demissão. De mala e cuia voltou para o Rio de Janeiro, não sem antes cruzar com o Delegado Antônio Lopes no aeroporto.

Sobre o novo técnico, o Animador de Velórios dos Campos Gerais não quer arriscar nenhum prognóstico, mas faz questão de lembrar às carpideiras de sempre que “em panela velha é que se faz comida boa”.   

– Lá nos Campos Gerais respeitamos a lei e a ordem desde os tempos do delegado Chico Buzina. Xerife de Tibagi, ele entrava a cavalo nos salões de baile, fincava as esporas da paleta à virilha do matungo e o fazia corcovear. Chico Buzina sabia fazer justiça. Quando no tempo do governador Maneco Facão a criminalidade em Tibagi era de assustar, Chico Buzina dizia, para quem não gostasse de seus métodos: “O povo daqui é até muito bom. Nas grandes cidades os crimes são complicados. Matam-se, ferem-se todos os dias e vocês não sabem a causa. Botam na cadeia o sujeito, e a justiça se satisfaz. Aqui, não. Desde que sou delegado, só conheço três tipos de crimes. Se um metido a valente briga, quebra a cabeça, ou fura a barriga do outro, logo descubro a causa. Não é preciso auxílio de bacharel. Vou direto às raízes: ou é cachaça, ou é porco, ou é mulher!”.

Nessas alturas do campeonato, a esperança é um bom almoço mas um indigesto jantar. Entretanto, por ter sido amigo e companheiro de tragos do Chico Buzina, o Jaguara acha que só mesmo um delegado para regenerar o time atleticano: indo às raízes do problema, se não é a bola, só pode ser cachaça ou mulher.

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