Boas maneiras

Informa o mestre Aroldo Murá, em sua coluna no redivivo jornal “Indústria & Comércio”, que a professora Elin Tallarek de Queiroz está elaborando uma cartilha de boas maneiras para a Copa do Mundo de 2014. Criadora de outros projetos de apoio comunitário, como por exemplo programas “Zeladores de Vizinhança” e “Caminhos Nota Dez”, tudo sem apoio de recursos públicos, a mais nova iniciativa da professora Elin chega em boa hora.

Em boa hora – mesmo faltando terminar um estádio para Curitiba receber a Copa – porque desde já estamos precisando de algumas lições de convivência. Uma delas ensina que uma cidade que se acha à altura dos grandes espetáculos precisa aprender a respeitar o próximo. Principalmente se o próximo está na fila de trás, pagou ingresso e também é filho de Deus.

No que se refere à propalada modernidade de Curitiba, o também mestre e jornalista Zé Beto lembra à professora Elin que na Arena da Baixada o público assiste aos jogos como se estivesse numa rinha de briga de galo: “Dependendo do local, paga-se uma fortuna para se assistir aos 90 minutos dos jogos em pé, em cima das cadeiras, porque boa parte dos torcedores acha que a bunda só serve para ser usada quando se assiste aos jogos na poltrona em frente à televisão. Nenhum jogo tem lances de emoção, que fazem automaticamente qualquer torcedor levantar, durante todo o tempo. A diretoria rubro-negra também tem sua parcela de culpa nessa história, pois contrata um exército de seguranças que permite a presença de torcedores nos corredores durante as partidas. Ou seja, eles ficam em pé, atrapalhando a visão dos que estão nas primeiras filas, estes levantam e, aí, os outros também – e fica por isso mesmo, como se a barbaridade fosse normal. E se alguém chia, é capaz de levar uns petelecos para deixar de ser besta”.

A comitiva da Fifa sobrevoou a Arena de helicóptero, nesta segunda-feira, para analisar questões de infraestrutura, acesso, segurança e, principalmente, mobilidade urbana. Dizem que um gaiato explicou para os integrantes do Comitê Organizador Local (COL) como funciona o transporte coletivo em Curitiba:

Nos Estados Unidos, vemos a seguinte frase nos ônibus: “Fale com o motorista somente o indispensável!”. Na Alemanha: “Não fale com o motorista!”. Na Itália: “Se falar com o motorista, com que mãos ele vai dirigir?”. Em Cuba: “Cuidado com o que fala com o motorista!”. No Vaticano: “É pecado falar com o motorista!”. Na Inglaterra: “Fale com o motorista somente com hora marcada!”.

– E em Curitiba? – perguntou o delegado da Fifa.

– Não cumprimente o motorista!

Gaiatices à parte, a verdade é que a cartilha de boas maneiras da professora Elin Tallarek de Queiroz chega em boa hora. E que a distribuição de exemplares se faça na seguinte ordem: primeiro para os políticos, depois para os cartolas.