Bloco do guardanapo

(Diário de Roma)

Acerca das polêmicas festas fora de época na Praça Espanha (sem dono, sem lenço e sem documentos), a professora de Direito Viviane Sélios Knoerr lembra na página editorial da Gazeta do Povo que a Constituição Federal assegura, em seu artigo 5º, que todos os cidadãos têm o direito de se reunir pacificamente em locais abertos ao público. Entretanto, alerta Viviane, a lei não aponta de quem é a responsabilidade pelos prejuízos causados pelos eventos.

Foi o caso do “Réveillon fora de época” e o mesmo poderia suceder com o “Carnaval fora de época” que se ensaiava nas redes sociais da internet, para desespero de quem mora nas cercanias da Praça Espanha. Sem considerar os possíveis propósitos dos anônimos organizadores, a questão principal que a professora questiona é sobre quem deve ser responsabilizado pelos prejuízos: o poder público ou os organizadores?

O artigo da coordenadora de mestrado da Unicuritiba é oportuno, mas infelizmente no Brasil apenas uma lei é executada ao pé da letra: o contribuinte é quem paga a conta e revogam-se disposições em contrário. Já se disse que as nossas leis são como teias de aranha: boas para capturar mosquitinhos, mas os insetos maiores rompem a sua trama e escapam com todas as facilidades. É o caso do governador carioca Sérgio Cabral. Deslumbrado, reuniu amigos e apaniguados com respectivas esposas para fazer um “Carnaval fora de época” em Paris. Não se sabe quanto custou a fuzarca no chiquérrimo Hotel Ritz, nem o tamanho da conta que Cabral não teria cacife próprio para bancar. O que sabe é que papagaio come milho, periquito leva a fama e paga a conta.

 “Lata d´água na cabeça”, era o samba da época de Sérgio Cabral pai, o grande historiador e cronista do carnaval carioca. Agora vamos de “Guardanapo na cabeça”, segundo Sérgio Cabral filho. Se por acaso acontecer um carnaval fora de época aqui na Praça Espanha, de arromba será o “Bloco do guardanapo”. Daqui pra frente o bloco campeão dos carnavais de rua.

E durma-se com um barulho desses, reclamam os contribuintes da Praça Espanha e do Brasil.