Barreado DOC

Antonina será tombada pelo patrimônio histórico nacional. O município já foi notificado, a decisão já saiu no Diário Oficial e agora só falta tombar o Barreado, um bem cultural a ser preservado da mesma forma como estará sob proteção federal o centro histórico da cidade.

Assim como as igrejas Nossa Senhora do Pilar, São Benedito e Bom Jesus de Saivá, o Barreado precisa ser protegido dos fariseus que vem vendendo uma gororoba com farinha, banana e frutos do mar, como se aquele “me engana que eu gosto” fosse o prato típico do Paraná.

Barreado DOC é a condição de um produto com Denominação de Origem Controlada, um selo de qualidade e originalidade muito comum nos países da Europa. Principalmente na Itália e na França, o selo DOC é encontrado não apenas nos melhores queijos e vinhos, como também na “vera” pizza napolitana.

Agora sob a chancela do patrimônio histórico nacional, Antonina precisa seguir também o exemplo de Ponta Grossa, onde o Churrasco DOC já recebeu a consagração pública. Como nos conta o Luiz Carlos Zanoni, um dos mais respeitados conhecedores de vinho do Brasil, o churrasco típico de Ponta Grossa andava à beira da extinção, ameaçado pela moda dos rodízios e afins (como estão fazendo com o Barreado), mas revive por obra de um movimento que arrepiou os brios dos Campos Gerais, testemunhou Zanoni, também ganhador de um Prêmio Esso de Jornalismo e produtor rural em Tibagi. O assunto foi longamente discutido no plenário da Câmara de Vereadores de Ponta Grossa e nos gabinetes da Prefeitura, ganhando força de lei. Preparado da forma como os antigos tropeiros o faziam, na labareda, apenas com sal e um toque sutil de temperos, o tradicional churrasco da região assume, agora, a condição de produto com Denominação de Origem Controlada, a DOC”.

Conforme a lei municipal n° 10.200 determina, o Churrasco DOC de Ponta Grossa é assado na labareda do fogo à lenha e servido no espeto. A peça, tamanho GGG, alimenta facilmente três pessoas, incluindo no corte parte da alcatra, da picanha, do mignon e da maminha. Na mesa do cliente deve haver uma pedra para a fixação do espeto, “sempre em posição perpendicular”. E, no acompanhamento, “não podem faltar arroz branco, saladas de tomate e de folhas verdes, cebola roxa em conserva, maionese, polenta frita, farinha de mandioca torrada e mini-pão francês”. Os estabelecimentos que o servem exibem um selo à entrada. Quem descumprir as regras perde a classificação.

Antonina, patrimônio do Brasil, Morretes e Paranaguá: mirem-se no exemplo de Ponta Grossa e escrevam na lei a receita do Barreado DOC.