Balalaikas e tamborins

Na tarde de domingo, milhares de curitibanos largaram a frigidez em casa e foram ao Setor Histórico participar do desfile carnavalesco do bloco Garibaldis e Sacis. Só não foi a torcida do Atlético, que estava em Ponta Grossa.

Curitiba, que já teve uma escola de samba com o paradoxal nome de Não Agite, parece que só acredita no Papai Noel. Jamais no Rei Momo, muito menos em Garibaldis e Sacis, os abnegados carnavalescos que fazem das tripas coração para botar aquele bloco da rua.

Segundo eles, a adesão de tanta gente pode não ser suficiente para garantir a presença do bloco nos próximos domingos que antecedem ao Carnaval. Para não fugir à regra de que o Carnaval curitibano é um paradoxo, o sucesso dos Garibaldis e Sacis é tamanho que vão faltar recursos para viabilizar uma festa que ficou maior do que a encomenda.

Quando inventamos a Banda Polaca, mesmo sem dinheiro da viúva, a Banda Polaca cresceu tanto que chegou ao ponto em que se encontram hoje os Garibaldis e Sacis. Ou encolhe ou acaba. De 1976 a 1981, a principal causa da explosão da Banda Polaca foi, por incrível que pareça, o apoio da rede Globo local. Foi quando os amigos do Canal 12 chamaram meia cidade para ver ao vivo a polaquinha do cabelo pixaim desfilar em carro aberto pela Rua das Flores. 

Naqueles idos da ditadura, o hino dos “desorganizadores” da Banda Polaca tinha a seguinte letra: “Nós bebemos paca / somos da turma da Banda Polaca / Nós vamos sair / e o prefeito não vai contribuir / não tem importância / não tem importância / Nosso dinheiro está na poupança”.

Para os anarquistas da Banda Polaca, um grupo de jornalistas sem um tostão no bolso, seria uma vergonha tomar dinheiro do poder público. No entanto hoje, quando o Estado através das leis de incentivo banca até o internacional Cirque du Soleil, num gesto simpático a Prefeitura de Curitiba bem poderia colaborar com as balalaikas e tamborins dos Garibaldis e Sacis.