Baladas commodities

Como até o ministro Guido Mantega é capaz de prever, meio PIB nacional vai passar o Carnaval nos mares do Sul, onde qualquer porta aberta à beira-mar é um convite de causar inveja aos mais exigentes baladeiros do Mar Mediterrâneo.

Da Ilha do Mel à Ilha da Magia, a orla não para de ganhar novos “paradouros”. Ou “beachclubs”, clubes de praia com comidas, bebidas e muita gente bonita. Só na Costa Esmeralda, entre Bombinhas e Balneário Camboriú, surgem quase toda semana novos clubes à beira-mar. Como diriam os mais impolutos, “Sodomas e Gomorras” de nomes gregos como Ydra e Vitali, este o primeiro “parador” de praia gay do país com atendimento na areia e uma gastronomia muito além da batata-frita. 

Como é próprio do Paraíso, muitos desses esconderijos não são de fácil acesso: os mais abonados vão de lanchas, com “periguetes” a bordo,  enquanto aqueles com o carro de IPI reduzido precisam cruzar costões,sujeitos às filas eternas entre um energético e outro.

Nesses “beachclubs” que não ficam devendo nada aos “paradouros” de Ibiza, os “agro-boys” e “eletro-boys” compõem um público entre 20 e 35 anos (sem excluir os “tios” baladeiros acima de 40 anos) que descobriu as “baladas commodities”.Um investimento que não está no currículo das faculdades de economia.

Não é um negócio que nasce do sal da terra. Do sal do mar, são convites emitidos pelas casas noturnas que, quando comprados no início da temporada, rendem lucros muito acima do mercado financeiro. Digamos assim: no início de janeiro o investidor compra uma primeira leva de ingressos para o Carnaval do Green Valley, eleito o segundo melhor clube do mundo. Nos dias seguintes, conforme a demanda, os mesmos convites vão se valorizando no “overnight”, até chegar ao seu preço máximo, na boca do caixa, na disputada fila de entrada. Quem comprou ingressos a cem reais pode vender ao retardatário pelo triplo do preço, ou até mais. Uma boa aplicação nas “baladas commodities” pode fazer do jovem universitário um “baladeiro autossustentável”.

Porém, como em todo o negócio futuro, o lucro vai depender da cotação da festa no momento da venda dos ingressos. Há poucos dias uma festa em Jurerê Internacional levou muitos baladeiros à falência, quando foi confirmada a presença de Ronaldinho Gaúcho no local.

Com jogadores de futebol em final de carreira e paulistas milionários na parada, é prejuízo certo. Em contrapartida, quem investiu em “commodities” da boate Warung vai ganhar uma nota preta nesse Carnaval. É dado como certo que a atriz Sharon Stone vai cair na balada com o namorado argentino da Praia Brava.