Baile do Pato

Quando muitos já o davam como uma das boas lembranças do passado, o tradicional Baile do Pato volta a ser assunto graças ao assassinato de Arnaldo de Sou­­za, um dos herdeiros do bailão. Encrenca nunca foi a marca registrada naquele salão de baile em Piraquara, no bairro de Guarituba. Por outro lado, poucos sabiam da história do alfaiate que criou o Baile do Pato.

Heinrich de Souza, nascido em Benedito Novo (SC), veio para Curitiba para trabalhar na Vila Guaíra. Em 1953, mudou-se para Guarituba, sendo um dos pioneiros do bairro. Segundo seus admiradores, a pele fina das mãos de um alfaiate estranharam o cabo da enxada e as úberes das vacas. Em 1958, a saudade dos tradicionais bailes catarinenses o motivou a fundar o Clube Colonial. Tudo começou numa salinha, onde só havia uma mesa, algumas cadeiras, um banco, um pato e o baile era animado por um sanfoneiro.
O tempo foi passando, o número de pessoas crescendo, o salão aumentando, “seo” Souza contratou o Conjunto Havaí e, quinzenalmente, os embalos de sábado à noite no Baile do Pato tornaram-se moda para boa parte da burguesia curitibana. Tendo como álibi um prato à base de pato, devorado sem nenhuma cerimônia, caravanas de colunáveis enfrentavam os tenebrosos caminhos de Piraquara para “bater coxas” com as galegas, polacas e italianinhas de Piraquara. Atração turística obrigatória da Região Metropolitana de Curitiba, o Baile do Pato (41/3667-2771) serve ainda, além de diversão garantida, petiscos, lanches e bebidas típicas da colônia.

Heinrich de Souza fez por merecer uma estátua em Piraquara. Cidadão honorário, foi vice-prefeito, vereador por três vezes, entre outros cargos com que contribuiu para a comunidade. Faleceu com 88 anos, no dia 9 de fevereiro de 2002. Com sua boina vermelha, depois de dançar a noite inteira Heinrich subia no palco para cantar sua canção preferida, a valsa alemã “Isabela”.

Ainda no palco, agradecia  a presença de todos e dizia:

– Quem gostou, gostou, quem não gostou, volta até gostar!