No berço da revolução digital, a ordem é aprender a não fazer nada. Ou, como se diz abaixo do Equador: coçar o saco. O que está em voga nas grandes empresas do primeiro mundo é incentivar seus funcionários, pelo menos uma vez por dia, a não fazer nada. Relaxar com a cabeça nas nuvens, oferecendo para isso aulas de como vadiar de forma remunerada.

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A ordem, portanto, é relaxar e gozar! – conforme nos ensina a ministra Marta Suplicy. A sede de encontrar um refresco para o sufoco da tecnologia está levando executivos das empresas de alta tecnologia a forçar seus pupilos a fazer exercícios analógicos dos mais elementares, como passar os fins de semana com a família, além de dedicar algumas horas a pintura, música e fotografia. Bem como se diz nos países atrasados da América Latina: Está nervoso, estressado? Vá pescar!

Paz e amor não são mais uma bobagem antiga dos hippies – ensina um dos engenheiros do Google, criador de curso intitulado “Procure dentro de você mesmo”. Com sete semanas de duração, o curso ensina a coçar o saco sem culpa nenhuma. O que significa passar pelos menos dez minutos todas as manhãs com os olhos fechados, deitado, com a cabeça no travesseiro, vendo a grama crescer e, pelo menos uma vez na vida, ouvindo o que sua sogra tem a dizer. Sempre que oferecem esse curso on-line, as vagas esgotam em 30 segundos.

A lista de espera para cursos de como coçar o saco sem culpa é das maiores. As pessoas anseiam por uma sensação de sossego e reflexão, de não precisar ocupar a cabeça, ou ficar constantemente à procura de alguma coisa para fazer – explicam os especialistas do ócio: “Ninguém está expulsando a tecnologia de nossas vidas, mas precisamos recuperar nossa conexão com os outros e com a natureza, senão todos vão sair perdendo”.

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Unindo o útil ao agradável, as grandes empresas do Hemisfério Norte deveriam reciclar seus funcionários na Bahia. Em matéria, de sombra, água de coco fresca e uma boa rede para zerar o QI, os nossos baianos analógicos são insuperáveis.