(De Florença, Itália) – Tem uma velha anedota de briga de galo que deve ter surgido na Toscana, terra abençoada por Baco. Conta-se que um forasteiro foi apresentado a uma rinha onde dois galos, um branco e um preto, se enfrentavam.

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– Qual é o galo bom? – pergunta o recém-chegado.

– O branco! – respondem.

Para se enturmar, o camarada aposta R$100 no galo branco. Depois de muita pena voando, o galo preto dá uma surra no branco. Inconformado, o novato questiona:

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– Vocês não disseram que o branco era o bom?

Na calma de sempre, um nativo responde:

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– O branco é que é bom! Mas o que ele tem de bom o preto tem de mau!

Na Itália, desde os tempos de Maquiavel os banquetes são regados com o celebrado vinho Chianti, cujo símbolo é o Gallo Nero (galo preto) – marca que se originou de uma lenda da época medieval, quando Florença e Siena lutavam por suas fronteiras.

Entre as pendengas encontrava-se uma preciosa terra conhecida por região de Chianti. Cansados das batalhas, os senhores da guerra decidiram por um desafio entre dois cavaleiros de cada cidade. Ao nascer do sol, quando o galo cantasse pela primeira vez, cada cavaleiro partiria de sua respectiva cidade em direção à cidade oposta. A fronteira seria determinada no exato ponto em que eles se encontrassem.

Os cidadãos de Siena escolheram um galo branco e o trataram com muita comida para que, na alvorada, ele tivesse o canto mais poderoso da região. Os maquiavélicos florentinos escolheram um galo preto mantido em jejum. No dia do desafio, o esfomeado galo preto florentino começou a cantar antes mesmo de o sol nascer. Enquanto isso, o galo branco de Siena ainda dormia.

Foi quando o cavaleiro de Florença, despertado pelo galo preto, iniciou seu galope muito mais cedo que o cavaleiro de Siena – que ainda roncava antes que seu galo cantasse! O litígio fronteiriço terminou quando os dois cavaleiros se encontraram a poucos quilômetros dos muros de Siena.

Foi assim que a República Florentina ganhou a região do Chianti, graças ao Gallo Nero protegido de Baco.