Em meio à guerra de babuínos que se trava na cena política, chama atenção no proscênio a quantidade de babacas desempenhando com louvor o papel de hipócritas. Além de fazer coisas que na verdade não faria, em outra situação, quando se enche de hipocrisia o babaca também se enche de razão.

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Para catalogar outras espécies de babacas, podemos fazer uma série de testes. Num almoço em grupo, por exemplo, quem é o babaca? É quando um dos convidados senta-se numa das pontas da mesa e o babaca não demora a se manifestar:

– Quem senta na ponta da mesa paga a conta!

É o babaca!

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Início da madrugada no boteco, alguém pede a saideira e diz.

O colega chega mais tarde no trabalho porque resolve almoçar em casa. Aí o babaca da mesa ao lado pergunta:

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– Então você já veio comido?

O camarada passa no shopping e compra uma camisa amarela. No outro dia, a voz se ergue lá do fundo do escritório:

– Vai trabalhar no Correio?

É o babaca!

Na semana seguinte, o mesmo camarada também estreia na firma uma blusa incrementada:
– Na loja que você comprou essa blusa também tem pra homem?

É o babaca!

Final de ano, a firma se reúne para o jantar anual. Reveladas as fotografias, aparece um coitado com o famoso chifre na cabeça. Adivinha quem é dono dos dois dedos feitos chifrinhos?

É o babaca!

O babaca no masculino, é claro, porque no feminino o dicionário nos diz que essa é uma das palavras mais feias, e inadequadas, da língua portuguesa.

Babacas de um lado e de outro, não tem como deixar de mencionar o babaca que levantou a tese do impeachment da presidente Dilma. Como diria o saudoso Stanislaw Ponte Preta, se vivesse na atual conjuntura, “quem pariu o babaca que o embale!”.

 
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Dante Mendonça está de férias. Vale a pena ler de novo suas crônicas.