Desvendado o mistério da garrafa, arqueólogos estão propensos a se render à improvável hipótese de que a mensagem encontrada na base da estátua de João Turin é mais uma das gaiatices do Espírito Zombeteiro de Curitiba.

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Jogador e apostador compulsivo, falecido pouco antes do fechamento do Cassino Ahú, o Espírito Zombeteiro foi uma vítima da jogatina que amanheceu pendurado numa das árvores do Passeio Público e até hoje ninguém sabe que fim levou o cadáver. Assim insepulto, o azarado saiu por aí fazendo apostas impossíveis pela cidade. Entre outras pândegas, gosta de desafiar bêbados nos botecos. Com um deles, apostou que conseguiria comer um vidro de rollmops em menos de dois minutos. Comeu tudo com uma só cerveja. De outra feita, na pele de um cabo eleitoral do falecido deputado Aníbal Curi, apostou com um jornalista que em 24 horas seria nomeado procurador da Assembleia Legislativa e, no dia seguinte, seria aposentado pelo Diário Oficial. Dito e feito.

Em outra de suas facécias, o “poltergeist” costuma orientar os motoristas de caminhão a passar por baixo da Ponte Preta. A brincadeira com a Ponte Preta começou por acaso. Certo dia, no corpo de um motorista de táxi, estava jantando numa churrascaria do Pinheirinho quando apostou com um caminhoneiro gaúcho que ninguém teria coragem suficiente para passar por baixo da Ponte Preta com os olhos fechados. Na aposta, o gaúcho perdeu o bigode, o caminhão e todo o dinheiro que tinha na guaiaca. O Espírito Zombeteiro gostou da folia. Depois do gaúcho, dois catarinas e três paulistas foram desafiados a passar com um camelo no buraco de uma agulha.

Desde 1946, depois que se enforcou no Passeio Público, o Espírito Zombeteiro tem espalhado dezenas de mensagens engarrafadas pela cidade. A mais misteriosa e até hoje muito procurada foi enterrada na inauguração da Praça 29 de março, com discurso do menino prodígio Rafael Valdomiro Greca de Macedo. Outra importante mensagem para a história de Curitiba teria sido enterrada na inauguração do Estádio do Pinheirão, com discurso de Onaireves Rolim de Moura, contendo as sete maldições de Curitiba: 1) as calçadas da Saldanha Marinho; 2) a Linha Verde; 3): os Contornos Sul e Norte; 4) o nevoeiro do aeroporto Afonso Pena; 5) a quantidade de shoppings; 6) a supremacia do automóvel; e 7) as tratativas do metrô curitibano.

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Façam suas apostas com os arqueólogos da Praça Tiradentes. Agora a expectativa é acerca do que o Espírito Zombeteiro vai escrever na garrafa de inauguração da Arena da Baixada.