As 7 maravilhas de Curitiba

Afora a Pracinha do Batel, quais seriam as sete maravilhas de Curitiba? Para ser considerado uma das maravilhas do mundo, o objeto em julgamento não pode ser uma obra da natureza mas, sim, uma obra da genialidade humana. Nesse aspecto, Curitiba é imbatível. Aqui a natureza nos foi madrasta, sem qualquer destaque panorâmico em que se note o dedo de Deus, e a cidade criou suas próprias maravilhas por vias administrativas.

?A escolha das 7 maravilhas foi uma farsa?, afirmam vários jornais do mundo, contestando o concurso insuflado por simpatias patrióticas – o Cristo Corcovado, principalmente – em que ficaram de fora a Acrópole de Atenas, a Torre Eiffel, o Kremlin, a Estátua da Liberdade e a Capela Sistina.

Muitos até julgam que o monumento carioca mereceria um voto de louvor, como parte, porém, do conjunto da magnífica obra da natureza que é a paisagem do Rio de Janeiro, com as garotas de Ipanema inclusas.

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Norte, sul, leste, oeste, por onde olharmos o primeiro planalto paranaense, vamos vislumbrar paisagens criadas por vias administrativas, sem o alvará de Deus. Por este ponto de vista, podemos nos ufanar da capital paranaense: se as Cataratas do Iguaçu fossem localizadas aqui nestas coordenadas – latitude 25º 25?48? sul, longitude 49º 16?15? oeste -, com certeza seriam obra de algum arquiteto. O mesmo poderíamos dizer de Vila Velha, com suas esculturas rochosas únicas no Brasil. Se aquele sítio de rara beleza despontasse no horizonte do bairro do Boqueirão, sem sombra de dúvida a obra de arte teria sido planejada pelo Ippuc e realizada por um dos nossos escultores. Elvo Benito Damo, Alf Vivern ou João Moro, os três dariam conta da encomenda, com uma vantagem: em bronze, Vila Velha não correria o risco de sucumbir com o vento.

É o caso do Parque Barigüi, uma das 7 maravilhas de Curitiba. Aparentemente, aquele espelho d´água cercado de verde por todos os lados é uma paisagem pintada com os dedos do Grande Arquiteto. Ledo ivo engano. O Parque Barigüi tem origem nas ciências exatas, veio do engenheiro Nicolau Klüppel, no ano da graça de 1972, na primeira gestão de Jaime Lerner. Antes aquilo era um fundo de vale rasgado por um rio acabrunhado, outrora entupido de lambaris, e que estava fadado a se tornar valeta de uma indústria papeleira.

O mesmo sucedeu com o Parque Tingüi – inaugurado em 1994 como parte do conjunto de parques lineares do Rio Barigüi – antes um belo fim de mundo só conhecido pelos índios tingui e algum arquiteto caçador de passarinhos. Hoje o Parque Tingüi é uma das 7 maravilhas de Curitiba, vizinho da Pedreira Paulo Leminski – e perguntem para um roqueiro curitibano qual é uma das 7 maravilhas do mundo?

Faltam três. Quais seriam as outras quatro maravilhas de Curitiba? Campeão de audiência no Programa do Jô, o Jardim Botânico não pode ficar de fora. Em que pese uma antiga rivalidade com o prédio da Universidade Federal do Paraná. Tempos atrás, forçaram um concurso para desbancar o Jardim Botânico como o cartão-postal oficial de Curitiba. Os organizadores da eleição – levados pelo ciúme – botaram a urna defronte ao vetusto prédio da primeira universidade brasileira e, adivinha quem ganhou?

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Fica aberta a pergunta: afora a Pracinha do Batel, quais seriam as 7 maravilhas de Curitiba?