Aqui, ó!

Assim como na Catalunha, onde os torcedores do Barcelona se declararam autônomos da seleção espanhola faz muito tempo, Curitiba devia declarar sua independência em relação à Fifa, à CBF e ao PCdoB. Não vamos romper com Brasília, evidentemente, em respeito à ministra Gleisi Hoffmann. Mas de resto, os curitibanos deviam mandar a Copa do Mundo às favas. Ou, como prefere Ricardo Teixeira, catar coquinhos em Fortaleza.

Quem foi que disse que precisamos da Fifa para tocar a nossa vidinha de sempre? Não será em troca de quatro peladas internacionais que vamos nos submeter a quem nos trata como provincianos. Fique sabendo, mister Blatter: o Paraná há muito tempo deixou de ser comarca de São Paulo e, desde sempre, nós somos pobres mas limpinhos. Além das ruas, também não aceitamos lixo na sala de visitas.  

A exemplo de Barcelona, Curitiba devia se declarar dona de seu próprio nariz e ignorar solenemente a Copa do Mundo. Uma banana para eles! Em junho de 2014, para mostrar que em matéria de mobilidade urbana ninguém ganha de Curitiba, o futuro prefeito vai decretar feriado municipal durante os dias de jogos na Arena da Baixada e vamos todos nos dispersar, serra acima ou serra abaixo.

Tendo como enforcar a semana, mobilidade urbana é uma das especialidades do curitibano. Sendo véspera de feriadão, Natal, Ano Novo, Carnaval ou Finados, a diáspora fica pulsando no inconsciente do curitibano. No Carnaval ela bate mais forte. Não fico, decidem aqueles que vislumbram uma nesga de sol e a promessa de trégua além da fronteira da cidade. Para a maioria, restar um feriadão no seu próprio ninho é padecer no paraíso.

Como dizia o saudoso Sérgio Mercer, curitibano não vai à praia; curitibano desce. Com o verbo descer na ponta da língua, ele desce gravata, a madame desce de salto alto, desce uísque e caipirinha goela abaixo, descem engradados de cerveja, desce o calção para fazer xixi no mar, desce a autocrítica, e desce a lenha no governo.

Ou dá ou desce! – nos ameaçam com os encargos da Fifa. Aqui, ó! Desçamos pois. E que o mundo faça um bom proveito de Curitiba, sem os curitibanos.