Muitos amigos desta coluna arriscaram palpites acerca do nome e endereço deste restaurant e que aparece no álbum fotográfico em comemoração ao centenário do Paraná. Seria o que hoje chamamos de “restaurante temático”, inspirado naquele Paraná de 1953, quando os pioneiros alimentavam o futuro à sombra da natureza.

continua após a publicidade

Quem primeiro identificou a preciosidade arqueológica da gastronomia paranaense foi Sérgio Todeschini Alves, arquiteto que nos enviou a seguinte mensagem:

– Sobre seu artigo A mesa de 1953, se não me falha a memória (e ela tem falhado muito) trata-se da churrascaria Bambu, que tinha entrada tanto pela Marechal Deodoro como pela Marechal Floriano, isso antes de serem alargadas.

Em se tratando de um ex-diretor do Patrimônio Histórico e Artístico do Paraná, não podemos admitir qualquer falha de memória do respeitado arquiteto, oriundo da cepa de uma das mais tradicionais famílias paranaenses. Quando a Igreja de Bom Jesus de Salvá, em Antonina, foi totalmente restaurada, o arquiteto Sérgio Todeschini ficou duplamente realizado, registrou o jornalista Aramis Millarch em 1975: “Como profissional, preocupado com a preservação de nossos monumentos e, familiarmente, em poder ter restaurado uma igreja que teve num de seus tetravós, o capitão-mor Manoel José Alves (1768-1837), o construtor”.

continua após a publicidade

Manoel Souto Maior Pereira também entrou em contato para bater a poeira do tempo e atestar que a memória de Sérgio Todeschini está em perfeito estado de conservação, pelo menos bem mais em ordem do que os neurônios do presidente Lula no que se refere à biografia do Ribamar Sarney.

Na esplêndida manhã desta segunda-feira (quando o sol apiedou-se desta Curitiba e veio nos fazer uma visita de cortesia), Souto Maior lembrou ainda que, da mesma época, o restaurante Espeto do Bacalhau foi o precursor do espeto corrido na cidade. E com uma particularidade: não servia bacalhoada. Bacalhau era o apelido do proprietário, cuja mulher de verdade preparava a coleção (e não “buffet”, diria o tradutor Roberto Requião) de saladas, temperava o galeto bem tostadinho, controlava o caixa e, além de tratar bem do estômago da cativa freguesia, cuidava do coração apaixonado do seu Bacalhau. Era a tal da Amélia do Espeto.

continua após a publicidade

Há controvérsias, no entanto, Souto Maior arrisca a dizer que a verdadeira “carne de onça” curitibana nasceu no Bar Buraco do Tatu (boteco de estimação do mestre Poty Lazzarotto), para depois fazer carreira de sucesso nos bares OK, Tupã, Stuart, Cinelândia, sem esquecer jamais da fabulosa “carne do felino” recriada pelo restaurante do Onha, pai de João José Werzbitzki (JJ).

Por sua vez, sobre aquela mesa de 1953 escreve o leitor Silvio Prado: “Curitiba e o Paraná me adotaram em 1980. Em 53 nem era nascido. Mas, tenho um palpite: não seria aquela mesa do (atual) Baviera?”.

Caro Silvio: nos assuntos referentes ao centenário do Paraná estou na tua situação, metido a rabequista! Ou seja, indivíduo intrometido, curioso com a cidade que não conheceu.