Jaguara, o Animador de Velórios dos Campos Gerais, está com a agenda mais cheia que gerente de banco no final de ano. É sempre assim, quando bimbalham os sinos e o foguetório do Palácio Avenida começa a deixar a cachorrada ensandecida. No começo de dezembro os filhos de Deus se apegam a qualquer coisa que lhes traga certo conforto espiritual, justamente a especialidade de um animador de velórios.
De A a Z, a agenda de final de ano do Jaguara começou no final das eleições, quando foi chamado ao terceiro andar do Palácio Iguaçu para ajudar na confecção do pacote de maldades que o governador Beto Richa anunciou só agora, quando a Inês é morta e a Gleisi Hoffmann é forte candidata à Rainha do Pêssego de Araucária.
Saber embrulhar um pacote não é para qualquer um. Embrulhar a opinião pública ao anunciar o aumento do IPVA, da alíquota do ICMS sobre a gasolina e ao mesmo tempo botar a mão no bolso dos aposentados é quase o mesmo que consolar uma família no velório do provedor da casa.
– O que eu vou dizer ao povo? – perguntou Beto Richa ao Animador de Velórios.
– Governador – aconselhou o Jaguara – por experiência própria concordo com Maquiavel: “O homem esquece mais rapidamente a morte do pai do que a perda do patrimônio”. Se é que o senhor vai botar a mão no bolso do povo para cobrir os rombos do governo, leve tudo de um punhado só: “As maldades devem ser feitas de uma única vez, e o bem deve ser feito aos poucos”.
Apesar dos insistentes pedidos, o Jaguara não vai poder animar o réveillon do presídio da Papuda, como era o desejo do Zé Dirceu. Infelizmente, porque a festa de fim de ano na cadeia dos Mensaleiros será de fazer inveja até às celebridades da Ilha de Caras. Corre o zum-zum-zum de que neste Natal a “presidenta” Dilma vai indultar grande parte da organização criminosa. Enfim, será uma festa de arromba, pois só mesmo os petistas pra acreditar que o Papai Noel é diretor da Petrobrás.
Todo sucesso tem o seu preço. Assim como Nelson Rodrigues, o Jaguara está trabalhando mais que remador no filme do Ben-Hur. E não é para menos, porque desde que o juiz Sérgio Moro começou a hospedar os magnatas do Lava-Jato para uma temporada de retiro espiritual na sede cinco estrelas da Polícia Federal de Curitiba, o Animador de Velórios dos Campos Gerais praticamente montou acampamento no local para atender empreiteiros, diretores da estatal, familiares e seus advogados de porta de cadeia. A todos, ele distribui palavras de conforto.
– Pelo menos eles estão bem alimentados? – perguntam as esposas.
– Não há porque se preocupar! – responde o Jaguara. Se a pizza, que vem de moto, demora uma eternidade, imagina o castigo, que vem a cavalo?!