Adeus às ilusões

Testemunha ocular do vexame do Furacão no Maracanã, desembarquei no aeroporto Tom Jobim com toda a delegação do Clube Atlético Paranaense. Enquanto esperava na esteira de bagagens, por felicidade encontrei o Presidente do Conselho Deliberativo, Tataio Bettega. Empresário da construção civil e amigo de longa data, era ele a pessoa certa para comentar as obras da Arena da Baixada:
– Vai ficar pronto para a Copa! – respondeu Tataio. Nos acréscimos, aos 49 do segundo tempo, mas vamos entregar o estádio mais bonito do Brasil.

– E quem está causando tanto atraso?

– As forças ocultas da inveja! Do Centro Cívico ao Alto da Glória, passando pela Boca Maldita, nunca se viu tanta gente nos alvejando pelas costas. Depois de entregar a Arena para a Fifa, vamos sentar para conversar. Quero te contar todos os bastidores dessa guerra suja.

Com os sorteios de grupos na Costa do Sauípe, a primeira batalha dessa guerra de babuínos em que se transformou a realização da Copa do Mundo já está encerrada. Para Curitiba, na trincheira onde Tataio Bettega ainda se arrasta, os deuses do futebol designaram a Espanha e mais sete coadjuvantes. Incluindo a minha preferida, a Argélia.

No olhar certeiro do nosso bravo colunista Augusto Mafuz, não podemos reclamar, só lamentar: ‘Se fosse possível considerar a Copa do Mundo como um latifúndio esportivo da Fifa (e é) caberia muito bem a adaptação do ‘Funeral de um lavrador, que Chico canta: ‘é uma cova grande pra tua carne pouca, mas a terra dada, não se abre a boca‘. À exceção da Espanha, e assim mesmo pós-África, quando ganhou o título, não sobrou para nós absolutamente nada. Acabou o apelo para publicidade, parceria e investimentos‘.

Adeus às ilusões. Com uma estrela e sete coadjuvantes, parece que a forças ocultas da inveja estão prenhes de razão: a Espanha, para matar a saudade da Copa de 50, podia voltar a jogar na Vila Capanema. E os outros três jogos – Irã x Nigéria, principalmente – caberiam no monumental estádio Janguito Malucelli.