A voz do distinto público

Enquanto o vereador João Cláudio Derosso não receber a ordem de despejo da Justiça, não temos o direito de prejulgar o presidente da Câmara. Nem mesmo obrigá-lo a desocupar a moita, como se diz lá na Sapolândia. No máximo podemos ficar com a pulga trás da orelha, ou então sugerir que ele renuncie à presidência por uma questão de civilidade. Ou de respeito aos seus eleitores, sob o risco de ser desrespeitado perante o distinto público.

Por exemplo. Segunda-feira passada, antes da palestra de Laurentino Gomes, o presidente da Academia Paranaense de Letras, Eduardo Virmond, convidou para compor a mesa o vereador Caíque Ferrante. Com justiça, pois foi graças ele que a Academia recebeu de herança a vasta biblioteca do ex-deputado Norton Macedo.

Ao se encaminhar à mesa, com a devida ironia um conhecido perguntou ao vereador se ele estaria naquele momento representando o presidente João Cláudio Derosso. Os circunstantes, como não podia deixar de ser, discretamente não deixaram de sorrir.

Supostamente, outro exemplo. Digamos que, por dever do cerimonial, o presidente da Câmara seja convidado para alguma solenidade com a presença da Guarda Municipal. O locutor oficial chama o prefeito e, depois de um leve olhar em volta, convida o presidente da Câmara para subir ao palanque.

O distinto público, naturalmente, irá se manifestar. Depois de uma leve vaia, o coro dos insatisfeitos vai engrossar:

– Prende! Prende! Prende!

Numa outra situação, o vereador Derosso e a jornalista Cláudia Queiroz, sua mulher, entram num restaurante. Depois do jantar, ao pedir a conta, o gaiato em uma mesa próxima levanta a voz para o distinto público presente ouvir:

– Garçom, inclui na conta do Derosso minhas duas garrafas de vinho. É uma parte do que ele me deve, de tudo que ele esbanjou do meu IPTU!

Dizem que conselho é aquilo que pedimos quando sabemos a solução, mas preferíamos não saber. Se o presidente da Câmara escutar o distinto público, desocupa a moita imediatamente.