Morador mais antigo da Água Verde, doutor Hidroesmeraldino de Oliveira Neto está com uma pulga atrás da orelha que não para de coçar: “É a chegada do metrô que está me deixando com a pulga atrás da orelha”. Neto do pioneiro que batizou o bairro com o nome de Água Verde, o advogado Hidroesmeraldino de Oliveira Neto acha que o metrô só vai trazer mais violência para aquele outrora sossegado arrebalde:
– Dizia o meu bisavô: com a chegada da carruagem, junto chegam os forasteiros. Mais tarde, dizia o meu avô: com a chegada do trem, junto chegam os punguistas! Por sua vez dizia o meu pai: com a chegada do ônibus, junto chegam os ladrões de toda espécie! E eu sempre dizia para o meu filho: com a chegada do Expresso, junto chega a insegurança! Agora, me sinto na obrigação de dizer para o meu neto: com a chegada do metrô, junto vai chegar a violência!
Por ter começado sua vida profissional como advogado de porta de cadeia, o doutor Hidroesmeraldino é a voz da experiência:“Depois dos forasteiros, dos punguistas, dos ladrões de toda espécie, da insegurança, com a violência também chegam na mesma estação do metrô a barbárie, os pichadores, o vandalismo e os tais mascarados chamados de “Black bloc”.
Por isso e muito mais, doutor Hidroesmeraldino é contra o metrô: “Aqui na Água Verde podemos viver muito bem sem ele! Não só vai custar o olho da cara do Guga Fruet, nascido e criado aqui no bairro, como também vai tirar do trilho a nossa velha rotina: no sábado lavar o carro na calçada de casa, no domingo almoçar em Santa Felicidade e, durante a semana, dormir depois da novela das oito. Com o metrô, salve-se quem puder!”.
Um dos poucos curitibanos que ainda usam galocha com meia branca, doutor Hidroesmeraldino de Oliveira Neto não suporta mais coçar a pulga atrás da orelha: “Na Água Verde ainda temos uma certa paz, porque aqui o telefone fixo e o celular não costumam funcionar direito. Quando tem um, não tem outro. Com o metrô, até essa tranquilidade é capaz de acabar!