Informa o jornalista Reinaldo Bessa que a já lendária Baronesa do Sexo está de volta ao “trepidante mercado” do sexo. A cafetina Mirlei de Oliveira, que prefere ser conhecida como “mercadora de orgasmos”, prepara seu retorno em grande estilo, presume-se, depois de frequentar a cadeia e uma faculdade de Direito em São Paulo. 

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 “Curitiba é meu lugar”, teria dito Mirlei, reconhecendo que o seu baronato só tem validade até o rio Atuba. Agora com 53 anos, a ex-patroa  da famosa Chácara da Mile caiu em desgraça em 2004 por favorecimento a prostituição, tráfico e extorsão, quando foi presa pela primeira vez em Balneário Camboriú. Liberada três anos depois, foi acusada de tráfico internacional de mulheres e por esse crime ficou presa em São Paulo.

A Baronesa do Alto Maracanã não ficou famosa em Curitiba apenas pelo elenco de luxo em sua propriedade campestre. Além das damas da casa, Mirlei oferecia capas de revistas que vinham do eixo Rio-São Paulo para fazer a corte de marqueses, duques e barões da economia do sul do Brasil. Fluente em inglês, atendia empresários estrangeiros e, naqueles bons tempos do caixa dois e outros recursos não contabilizados, era a Chácara da Mile que fornecia “carne de primeira sem nota” para os banquetes palacianos.

Por comprometer personagens que compõem o chamado “arco da sociedade”, Reinaldo Bessa bem sabe que o retorno da “mercadora de orgasmos” sem dúvida deve tirar o sono de muita gente, pois na época em que foi presa a cafetina declarou que guardaria a fantasmagórica “Agenda da Mile” como prova de defesa.

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Atualmente em segredo de Justiça, quem teve acesso à enorme caixa de papelão onde está guardada toda a papelada da cafetina sabe que as várias “Agendas da Mile” (basicamente nomes e apelido com número de telefone) não são tão assustadoras quanto as fichas de consumo com anotações do movimento do dia-a-dia da casa.

Se um dia voltarem à luz, essas fichas serão guilhotinas a fazer rolar cabeças de muitas figuras públicas acima de qualquer suspeita. Juízes, deputados, senadores, prefeitos, líderes sindicais e até empresários nunca se deram conta de que Mirlei administrava seus negócios como se fosse dona de uma casa de luz vermelha de beira de estrada. Na época, se aqueles garranchos contábeis caíssem nas mãos de um daqueles notáveis senhores citados nominalmente nas fichas de consumo (incluindo o nome da acompanhante e certas intimidades do cliente), no dia seguinte eles voltariam à chácara acompanhados de um bom advogado.

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Como padrão, as fichas de movimento do dia-a-dia tinham a seguinte sequência:

– Andrea e Paola/ chegada do Rio de Janeiro: terça, 18 / Táxi do aeroporto: 300 / nome: Dr. Fulano de Tal / US$ 500 as duas/ consumo: champanhe, uísque e camisinha.  

Quando um famoso prefeito, por exemplo, aparecia com uma comitiva de dez assessores e solicitava o mesmo número de acompanhantes, a conta era debitada em nome do titular, com todas as mínimas despesas discriminadas, inclusive com os prejuízos materiais causados pela trepidante noitada.

Entre os mais abonados, muitos mandavam buscar determinada “modelo e atriz” do eixo Rio/SP e, despudoradamente, pagavam a passagem aérea com o cartão de crédito pessoal. As cópias, evidentemente, eram jogadas numa gaveta referente a despesas com as acompanhantes, onde também eram guardados os exames de AIDs de cada uma. Algumas fichas eram verdadeiros registros policiais. Nome por nome, profissão e hábitos e vícios ilícitos, Mirlei tinha seus clientes na mão através de seus garranchos.

Prevendo-se uma verdadeira chacina moral, todos os documentos referentes ao processo da “Baronesa do Sexo” estão em segredo de justiça. Escondidas por cautela em três caixas e em três locais diferentes, sabe-se com certeza que as cópias daqueles garranchos contábeis da cafetina devem ficar para a diversão das traças. A não ser que a Mirlei abra uma nova casa com novos fichários para os velhos clientes.