Jaguara, o Animador de Velórios dos Campos Gerais, matriculou sua esposa no curso de formação de benzedeiras em Rebouças. Dona Cinelândia já curou muita ressaca do marido Jaguara com “chá de pau barbado”, mas agora quer se aprofundar na ciência das ervas e orações para poder tirar uma carteirinha de benzedeira na prefeitura e, com ela, ganhar passe livre na rodoviária, desconto na farmácia e entrada livre no circo.

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Dentre as disciplinas do curso extensivo de benzedeira em Rebouças, o primeiro município do Brasil a regulamentar as benzedeiras como “instrumentos complementares nas terapias de saúde pública”, a matéria de História dos Campos Gerais ensina que o primeiro grande caso de saúde pública resolvido pelas benzedeiras foi a terrível epidemia de bigodes de 1890, em Ponta Grossa. Na época batizada de “peste do moustache”, quase todas as famílias da cidade foram atacadas pela epidemia que começou com uma família de imigrantes búlgaros no bairro de Uvaranas e se alastrou pelos Campos Gerais.  

A epidemia de bigodes só foi parcialmente controlada na virada do século, quando uma benzedeira de São Luiz do Purunã descobriu uma pomada milagrosa à base de óleo de peroba, raspas de chifre de boi mocho e mais um combinado de ervas colhidas no dia de Santa Rita de Cássia, padroeira dos casos impossíveis.

Conforme foi constatado décadas depois, a “peste do moustache” é uma doença hereditária. A pomada milagrosa de Santa Rita de Cássia tem seus efeitos imediatos, mas a praga pode voltar nas gerações seguintes, em função de graves distúrbios emocionais. É o caso do secretário de Segurança Reinaldo de Almeida César, de tradicional família de Ponta Grossa. Conforme atestam as benzedeiras dos Campos Gerais, se os descalabros administrativos da Polícia Civil não forem resolvidos, o secretário corre o sério risco de aparecer com um bigodão no retrato.

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