Não é de estranhar que até os barões locais considerem uma exorbitância o preço do ingresso para o show de Roberto Carlos: entre R$ 400 e R$ 1.200. Um abuso de confiança, define o aposentado do INSS de memória longa e grana curta: o público de Curitiba já recebeu muitos astros da música, até do cinema internacional, e nem por isso ele foi feito de otário!

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Com todo o respeito aos “botão da brusa” do rei, na década de 50 a realeza artística vinha a Curitiba e se apresentava na Rádio Guairacá com ingressos ao alcance de qualquer plebeu da classe média. Hoje qualquer majestade chega em Curitiba de jatinho, cobra uma fortuna, volta de jatinho, e nem mesmo deixa um beijo de gorjeta.

Numa dessas excursões pelo reino, a Rainha do Rádio estraçalhou o coração de um jornalista curitibano escalado pela Rádio Guairacá para fazer as honras da casa.

O súdito galante acompanhou a rainha desde o Aeroporto Afonso Pena até a intimidade do Hotel Mariluz, na Rua João Negrão, onde a noite foi longa! E não custou caro para o jornalista, que só pagou o jantar enviado pelo Bar e Restaurante Palácio.

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Naquela época, a plebe era muito mais bem tratada.

Os jornalistas, por dever de ofício, sempre se deram bem com as estrelas. Na década de 60, um jovem repórter foi entrevistar a famosa diva do teatro no hotel da Praça Rui Barbosa, e a cena se repetiu: a formosa subiu com o franzino jornalista para a suíte… e a tarde foi longa! Ao voltar para a redação do jornal, de tão fraco das pernas, o repórter precisou ser socorrido com um copo de leite reparador das energias perdidas.

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De outra feita, em 1976, a famosa cantora que tinha preferência por meninas do mesmo figurino encontrou uma estudante de teatro na sala de recepção da TV Paraná, Canal 6, onde foi dar uma entrevista, e se apaixonou à primeira vista.

A paixão foi tanta que, ali mesmo, mandou um bilhetinho para a morena de olhos verdes da Água Verde: “Amei os caracóis dos teus cabelos! Vamos para o meu hotel”?

Convite feito, convite aceito, a cantante saiu da entrevista com a nova namorada embaixo do braço. A princesinha se deu bem: no dia seguinte foi morar no Rio de Janeiro com a rainha.

Na década de 80, outra desejada cantora veio fazer uma temporada no Teatro Paiol. Amiga do colunista influente, a cobiçada pediu para jantar com alguns escolhidos da imprensa no Bar e Restaurante Palácio.

Gulosa, a gata sentou ao lado de um jovem jornalista de boa estampa, de quem não tirou os belos olhos. E, mesmo assim, quando dava atenção para a plateia em volta, entre um uísque e outro afagava o “objeto de desejo” ao lado, e abaixo. Fim de noite, a estrela sussurrou ao ouvido do eleito: “Me leve para o hotel!”

No apartamento bem fornido de uísque, a coreografia de abertura foi um demorado strip-tease…. e a felina desmaiou na cama. Apiedado, o jornalista saiu de mãos vazias: ela estava completamente bêbada.

Voltando aos anos 50, o jornalista Renato Muniz Ribas não se deu bem na cama, tirou a sorte grande num banco da praça. Curitiba, em “1900 e dercygolçalves”, os “barões do café” recebiam muitos astros da música popular. Certa madrugada, Renato estava saindo de uma das casas noturnas quando viu um moreno de bigodinho cantando maravilhas no ermo da Praça Osório. Pediu licença, sentou, e na caixa de fósforos acompanhou com a devida competência o violão do compositor.

Quando o dia amanheceu, os dois se apresentaram:

– Muito prazer, Renato Muniz Ribas!
– O prazer foi meu: Lupicínio Rodrigues!

Esses moços, pobres moços… O show do Lupi saiu barato: café da manhã com pão e presunto na padaria.