A prostituta, a cafetina e o corrupto

Dizem que a prostituta exerce a mais antiga das profissões. Se é assim, o corrupto e a cafetina chegaram antes. Pelo menos é o que se deduz da fortuna desviada da Petrobras para bancar festas e prostitutas de luxo aos bacanas do poder. Na planilha do roubo, os pagamentos relacionados à contratação de mulheres eram contabilizados como “artigo 162”, referência ao número do endereço de uma cafetina chamada Jô. Só em uma dessas festas da cafetina, em um chique hotel de São Paulo, foram gastos R$ 90 mil apenas em bebidas. Entre os pertences de um importante ex-diretor da Petrobras foi encontrado um comprovante de transferência no valor de R$ 6 mil para uma garota bastante conhecida no meio artístico.

A prostituta, a cafetina e o corrupto são os personagens de uma história acontecida na Casa da Albertina, exclusivo lupanar para altas negociatas. Secretário de Estado, homem de confiança e ligado por relações familiares ao governador, o bacana dava expediente no bordel. Certa tarde, ao perceber que o secretário estava tendo um piripaque, Albertina correu para acudir mas não deu nem tempo para chamar o médico que atendia a Casa Militar. Com trânsito entre os palacianos, a cafetina ligou diretamente para o secretário de Segurança.

– General, o secretário morreu do coração! O que é que eu faço?

– Fecha a casa que vou mandar alguém de confiança para retirar o corpo imediatamente.   
– E levar para onde, general?

– Enquanto não chega a viatura eu penso numa saída.

A saída foi levar o defunto direto para o Instituto Médico Legal e de lá, com o conluio da direção, avisar à família que o secretário havia simplesmente morrido do coração. Sem maiores detalhes.  

O enterro foi uma comoção. Missa de corpo presente na Catedral, discursos na Assembleia Legislativa, tudo conforme manda o cerimonial. Na missa de sétimo dia, a viúva do secretário recebe o abraço do governador e pergunta:

– O senhor sabe que até agora não me contaram onde morreu o meu estimado marido?
O governador ficou mudo. Branco e mudo. Deu outro abraço na viúva e voltou ao palácio:
– General! A viúva queria saber onde o marido morreu e eu não sabia! PQOP! Por que vocês não me disseram que aquele farrista morreu na Casa da Albertina?