A culpa por todo este transtorno nos negócios da telefonia celular é de quem mora no último andar de um prédio: “A antena dá câncer”, dizem os crentes dessa lenda urbana. Para as telefônicas, o principal problema que afeta os usuários está na dificuldade de expansão das antenas de celular no centro das cidades. A tese tem muita gente contra, muitos a favor, outros nem a favor nem contra, muito pelo contrário.

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Nem a favor nem contra, reagiram os moradores do bem situado edifício, no Batel, onde mora o ex-prefeito e ex-ministro Rafael Greca de Macedo. Com um apartamento por andar, no início das privatizações do sistema telefônico o condomínio foi procurado por uma das empresas de celular, para a instalação de antena na cobertura de um dos metros quadrados mais caros de Curitiba.

Na primeira reunião, sem a presença do então ministro Rafael Greca, os proprietários ficaram bem felizes e contentes com a encantadora proposta da operadora de celular: “Per omnia saecula saeculorum”, por conta da antena, ninguém mais pagaria o caríssimo custo do condomínio.

“A antena dá câncer” – arguiu o último andar.

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Com o penúltimo andar ausente, justamente o morador de maior peso, e o antepenúltimo nem contra nem a favor, muito pelo contrário, a decisão ficou para a próxima reunião, com a presença confirmada de Rafael Greca.

– Ministro, qual a sua opinião?

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– Nem contra nem a favor, muito pelo contrário, se vocês permitem vou pedir a opinião abalizada do ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga.

Rafael Greca chegou ao conclave com fumacinha preta:

– Falei com o meu amigo Pimenta da Veiga e o senhor ministro me disse que, apesar da privatização da telefonia celular representar um grande avanço para a nação, infelizmente a proximidade da antena pode causar danos à saúde.

Venceu a palavra do ministro. Mas até hoje, quando recebem a conta do condomínio, os andares de baixo olham torto para o penúltimo andar, enquanto o último andar trata com carinho uma pimenteira no jardim, em homenagem ao ex-ministro.

Nem a favor nem contra, muito pelo contrário, não se fala outra coisa nas proximidades da Praça Espanha:

– Pimenta no condomínio dos outros não é refresco!