A orquestra do Zé Dirceu

A grande estrela do mais espetacular julgamento da história do Brasil ainda não entrou em cena para interpretar o seu último papel: Zé Dirceu, a “Geni do Mensalão”, lembra o humilde personagem de uma velha história dos tempos das mil e uma noites, quando um poderoso Sultão inventou de formar a melhor orquestra do mundo.

Cruel, porém muito sensível à música, arrebanhou os melhores instrumentistas do ocidente para abrilhantar os bailes no harém, com a promessa de pagar em moedas de ouro.

Entre outras grandes estrelas, rumou para o oriente um bando de feras. Trompetistas: Saul e Louis Armstrong. Trombonistas: Tommy Dorsey e Jack Teagarden. Clarinetistas: Benny Goodman e Art Shaw. Sax tenores: Coleman Hawkins e Lester Young. Sax altos: Johnny Hodges e Benny Carter. Pianista: Nat King Cole. Guitarristas: Charlie Christian e Jimmy Hendrix. Bateristas: Aírto Moreira e Gene Krupa. Band Leader: Glenn Miller. Com Waltel Branco no violão, é claro.

Na flauta, um músico que ninguém mais lembra o nome.

Assim, a “big band”iniciou seus ensaios para o primeiro baile em palácio. Passaram em revista as mais belas partituras, varando madrugadas a seco, pois, pra lá de Bagdá, o buraco da garrafa é mais embaixo.

Momentos antes do primeiro sarau, toda a orquestra foi reunida para uma audiência com o Sultão, onde o porta-voz comunicou oficialmente as condições de trabalho e forma de pagamento. Falou então o arauto:

– Nosso Grande Sultão irá retribuir aos senhores de duas formas: se ele gostar da apresentação, todos serão recompensados com moedas de ouro. Cada qual receberá tantas moedas quantas couberem em seus respectivos instrumentos.

Tommy Dorsey, o felizardo do trombone, saltitava de alegria. Já o humilde e desconhecido flautista desabou, na maior deprê:

– Pronto, nessa orquestra eu dancei!

E continuou o arauto:

– Por outro lado, se nosso Grande Sultão não gostar da apresentação, cada qual será obrigado a… a engolir o respectivo instrumento! (A real expressão do arauto é impublicável.)

Deu-se um breve silêncio e outra vez a voz do flautista veio lá do fundo do salão:

– Pronto, também sobrou pra mim!

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O flautista do Lula, este deve ser o grande papel do Zé Dirceu.