A novela do Mensalão

Advogado dos mais respeitados e estimados, AntonioToneloto é membro do Tribunal de Ética e Disciplina da OAB/PR. Por sua semelhança com o ministro Ricardo Levandowski, no café Senadinho da Rua das Flores é sempre procurado para comentar as consequências do Mensalão.

Considerando-se que o Mensalão foi a primeira novela do Judiciário brasileiro transmitida ao vivo em rede nacional, qual a grande lição que o julgamento deixa para a vida pública brasileira?

O povo, sobretudo a grande massa, tomou “conhecimento” da existência do STF, a Corte Maior do Poder Judiciário, um dos três poderes sustentáculos desta nossa República, o Brasil. É uma constatação.

O ministro Ricardo Lewandowski seria o malvado da história?

Não parece que seria o malvado da história. Fora o contraposto que deu maior visibilidade ao ministro Joaquim Barbosa. Trouxe acirramento nas discórdias. Cada julgador tem suas convicções muito próprias formadas no exame das provas produzidas.

Joaquim Barbosa ficou bem no papel de herói?

Sem dúvida alguma. Estava ele possuído de toda a volúpia de “Vingador”, o mais apropriado representante dos oprimidos, dos incrédulos, dos sofridos, dos injustiçados. O ministro Joaquim era cada um desses aí.

Quem seria o grande vilão da trama?

O grande vilão da trama indubitavelmente é José Dirceu. Fora defenestrado do Ministério, onde era a eminência parda, não tão parda assim. Fora cassado do mandato de deputado federal. Sempre se julgando, e ainda continua, inocente, perseguido etc. etc. etc., tudo despudoradamente.

Seria o Lula o autor fantasma (ghost writer) da novela?

Lula, na verdade, seria o mordomo, se essa “estória” tivesse fim.