Segundo as escrituras da história virada do avesso, Deus Todo-Poderoso passou o cargo a um vice no Sétimo Dia da Criação, quando foi descansar. Quem seria o vice-criador? – é o que se pergunta até hoje.
Ao que tudo indica, o vice do Onipotente só poderia ter sido o Capeta. Uma das evidências seriam os vulcões, uma das maiores obras de infraestrutura do Demônio. No reino animal, outra evidência seria a criação da hiena, o bichinho de estimação do Badanha.
Desde o Sétimo Dia, quando o Altíssimo reassumiu o cargo, perdura a maldição do vice. Deus, ao descobrir que o seu vice havia feito tantas maldades durante sua curta ausência – inclusive os espinhos do reino vegetal -, lançou um anátema que até hoje acompanha todos os vices: “Vice versa, mas não viceja”.
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Nas eleições de 1982 – as primeiras na redemocratização, quando José Richa foi eleito governador do Paraná -, o escritor Jamil Snege declarou numa crônica os seus anticandidatos: “Para deputado estadual, Eu mesmo. Estou doidão para entrar na política porque é o único lugar onde você está a salvo dela”. Para deputado Federal, Rogério Dias: “Pintor, é o único sujeito que pega AM e FM ao mesmo tempo”. Senador seria o jornalista Luiz Geraldo Mazza: “Líder nato, teve um único e breve período de solidão e retraimento: foi no início de sua vida sexual, mas isso já faz muito tempo”. Para governador, o candidato de Jamil seria o livreiro Aristides Vinholes: “Embora nascido em Pelotas, Vinholes nunca exerceu.
Portou-se com incrível dignidade durante o transe de 64, mas tem um ponto fraco imperdoável: haddock ao molho de manteiga e alcaparras, regado com um bom vinho português”.
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Snege só não revelou quem seria o seu candidato a vice-governador. Talvez para não ofender o dileto amigo, não tenha indicado Roberto Requião para vice de Aristides Vinholes. Tantos anos passados, muita falta nos faz o “turco”, como era chamado pelos amigos. Principalmente agora, quando poderia dar sua opinião abalizada sobre Michel Temer (foto), o vice a infernizar a vida de Dilma Rousseff.
Quanto à atual vice-governadora do Paraná, certamente Jamil Snege diria que Cida Borghetti é uma belíssima exceção à regra.