É grave a crise, quando a falta pessoal qualificado nos canteiros de obra vira notícia de coluna social. Quando fica mais fácil contratar uma “top model” para desfilar do que um marceneiro para construir a passarela, é sinal de que algo não cheira bem no reino da construção civil.

continua após a publicidade

É mais fácil encontrar um técnico para o Atlético do que um mestre de obras qualificado. Não está no gibi, mas pedreiros, carpinteiros e eletricistas trabalham com o uniforme do super-homem, dez ou doze horas por dia, para compensar a falta de trabalhadores. Construtor que tem mão de obra não empresta e quem não tem pensa seriamente em botar a mão dos filhos na massa.

Há carência de profissionais em todos os andares e a madame do Batel não consegue um pedreiro nem para reformar a cobertura do duplex. Ao ler na coluna social que os empresários do setor estão prestes a se jogar do alto de suas próprias obras inacabadas, a madame do Batel confessou no Salão da Marly que está sentindo falta de um encanador faz-tudo de Santa Felicidade.

“O italianinho era um encanto!”, dizia a madame, revirando os olhos. “Eu o chamava para arrumar a descarga do banheiro, trocar o trinco da porta e o pneu do carro, inclusive. Chegava a ir comigo para Caiobá só para pintar o quarto da empregada. Nos últimos tempos, acabou-se o que era doce. O coitado deu para reclamar da agenda. Isso mesmo, da agenda! Pode? Além do serviço normal, estava fazendo um curso de especialização.”

continua após a publicidade

A madame do Batel respirou fundo e continuou: “Imagina que na semana passada precisei do italianinho para instalar a coifa da cozinha. Sabe o que ele me disse? Disse que só teria vaga na agenda para depois do Carnaval. Mas o preço já não seria mais o mesmo dos bons tempos. Agora é mais do que eu pago por mês para a minha arrumadeira.”

É grave a crise no Batel, mas mesmo assim o italianinho da madame veio em socorro da coifa: “Foi um susto”, segundo ela. “Sentou na cozinha, abriu a caixa de ferramentas e, você não vai acreditar, puxou de um laptop branquinho para fazer os cálculos daquela obrinha no computador. O iPhone dele, juro, nem os meus filhos têm igual, e três dias depois ele me telefonou dizendo que não vinha mais. Havia sido contratado por uma construtora paulista. Está trabalhando na construção de um edifício inteligente no centro e a minha coifa suspira de saudade do italianinho.”

continua após a publicidade

A madame do Batel está revoltada! Antes, os encanadores faziam fila na porta do condomínio. Agora, as madames é que fazem fila para arrumar um encanador.

A madame do Batel vai passar o Carnaval em Miami. Lá, pelo menos, os encanadores cucarachos fazem qualquer coisa a preço de banana.