Seja qual for o veredito do francês JérômeValcke, com Copa ou sem Copa, muitas cabeças vão rolar até o final desta guerra de torcidas em que se transformou a construção da Arena da Baixada. Até as eleições de outubro, a guilhotina deve botar por terra muitas reputações. Dia e noite os carrascos serão acionados, encapuzados ou não, com as lâminas afiadas das redes sociais.

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Se hoje JérômeValcke salvar o pescoço de Mario Celso Petraglia, amanhã as urnas podem condenar Gustavo Fruet e Beto Richa, fazendo com que a invenção do Dr. Joseph-Ignace Guillotin seja levada à praça pública. Quem sabe à Praça Nossa Senhora de Salete, tendo como cenário de fundo o Palácio Iguaçu.

Nesses momentos é difícil ficar com a cabeça no lugar. Mesmo assim, muitos estudos já foram feitos pra responder a uma pergunta de cunho médico-científico: a morte na guilhotina é instantânea a ponto de ser indolor? Alguns acreditam que não. Argumentam que “a queda da lâmina, cortando rapidamente o pescoço e a coluna vertebral, tem o impacto relativamente pequeno sobre o crânio, que contém o cérebro e, portanto, não deve haver inconsciência imediata”. Caso isso seja verdade, as vítimas sabem o que está acontecendo? “Aparentemente, sim. Testemunhas de guilhotinados afirmaram ter visto pálpebras se mexendo e movimento de olhos, lábios e bocas”.

Em junho de 1905, um respeitável médico francês teve licença para fazer um experimento com a cabeça cortada de um prisioneiro chamado Languille. Seu relato diz que “imediatamente após a decapitação os movimentos espasmódicos cessaram. Então chamei em voz forte e áspera: Languille! E vi suas pálpebras se levantarem lentamente com um movimento regular, bem distinto e normal. Os olhos de Languille se fixaram muito certamente nos meus, com as pupilas focalizando. Eu estava vendo olhos inegavelmente vivos olhando para mim… Depois de vários segundos, as pálpebras se fecharam. Chamei novamente, as pálpebras tornaram a se levantar, e olhos vivos se se fixaram em mim, talvez mais penetrantes que da primeira vez. Depois as pálpebras se fecharam de novo e não houve mais movimentos”.

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Na revolução francesa, a lâmina do Dr. Guillotin subia e descia quarenta, cinquenta, sessenta vezes por dia. O crime era estar sob suspeita. Políticos guilhotinavam uns ao outros para escapar do mesmo destino.Quase o mesmo que vai acontecer à sombra da Arena da Baixada. Mas nada para nos deixar aterrorizados: como se sabe, no Brasil só quem perde a cabeça é pobre endividado, marido traído ou corrupto aloprado.