A feijoada mais gostosa da cidade

Das lendas curitibanas, podemos contar aos incrédulos que uma delas se refere às feijoadas de sábado. Daria um livro só para contar as histórias da feijoada do Pasquale, no Passeio Público, e do “Feijão Trinity”, do Guilhobel Camargo. Entre tantas outras que marcaram época, a que ainda provoca água na boca é a celebrada “Feijoada do Onha”, no restaurante Embaixador da Rua São Francisco, obra do alquimista Leonardo Werzbitzki.

Onha, que significa rápido, é uma palavra de origem cigana. Os ciganos deram esse apelido porque Leonardo era um goleiro rápido como um relâmpago. Pai do publicitário João José Werzbitzki, o Onha começou ainda um piá, na primeira churrascaria de Curitiba, de seu pai, onde atualmente existe o Mercadorama da Praça Osório. Mais tarde, também trabalhou no Churrasco Curitibano, que ficava na Rua Ébano Pereira, onde hoje é a Loja Fedatto – conta a historiadora Maria do Carmo Marcondes Brandão Rolim.

Em 1950 o goleiro Onha casou e resolveu montar o Restaurante Embaixador, onde deu início ao ritual de feijoada que começava a ser preparada na quarta-feira, quando chegava o porco, já cortado, proveniente do Frigorífico Catei. Na quinta-feira Onha botava os defumados no fogo, na sexta-feira cozinhava o feijão e no sábado cedo montava potinho por potinho – as preciosidades que o freguês recebia fervendo na mesa, com couve, torresminho e arroz branco. Não podia faltar laranja, a pimenta de fórmula própria e farinha branca Pinduca.  

As pessoas que aguardavam na calçada a sua vez de entrar para saborear a “Feijoada do Onha” eram agraciadas com as batidinhas servidas por João José e seus irmãos. Ao mesmo tempo, escutavam a Orquestra do Genésio, que no prédio ao lado ensaiava todos os sábados com o seu famoso grupo: cinco saxofones, três pistões, três trombones, piano, baixo, bateria e três cantores.

Na época a orquestra do Genésio era a banda mais bonita da cidade. Enquanto Onha, o maestro dos sabores, regia a feijoada mais gostosa da cidade.