Madame Champagnat está em crise existencial, porque não consegue entender como é que ainda existe gente dizendo que o Brasil está em crise.

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“Penso, logo não enxergo crise” – filosofa a Madame, de pleno acordo com Gleisi Hoffmann – por sinal sua vizinha de bairro e de imposto de renda. Como muitos convictos, madame Gleisi também acha que a crise é uma coisa que só existe na cabeça da Míriam Leitão e que o povo brasileiro reclama demais. Segundo a ex-rainha do pêssego do Paraná, o país não passa por uma crise econômica e apontou as filas do Beto Carreiro como mais um exemplo claro que a crise, como dizem, não passa de assunto para preencher o tempo da imprensa.

Madame Champagnat, apesar de ser uma paneleira militante e da linha de frente da marcha pelo impeachment, de certa forma também leva em conta a opinião do frei Leonardo Boff, quando o teólogo amigo do Lula afirma que “a crise econômica e política pela qual o país passa neste momento é em grande parte forjada, mentirosa, induzida, ela não corresponde aos fatos”. Segundo o antigo desafeto do Vaticano, a crise é amplificada por uma dramatização da mídia: “Essa dramatização que se faz aqui é feita pela mídia conservadora, golpista, que nunca respeitou um governo popular. Devemos dizer os nomes: é o jornal O Globo, a TV Globo, a Folha de S. Paulo, o Estadão, a perversa e mentirosa revista Veja”.
Em suas andanças para perder peso pelas ruas do Batel, Seminário e Bigorrilho, Madame Champagnat pergunta aos seus botões de madrepérola: “Onde está a crise, que não a vejo?”.

“Na coluna do Bessa é que não está, pois todo o dia tem uma conhecida inaugurando uma nova loja de decoração na cidade” – argumenta a madame, apontando para a fila de espera nos mais caros restaurantes do Pátio Batel, o novo shopping que não sabe o que é tempo ruim.

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“Está faltando filé mignon no açougue do Domakoski? Faltam vinhos argentinos, chilenos, italianos e franceses nos Supermercados Festval?” – pergunta Madame Champagnat a uma amiga que acaba de voltar de Miami, onde comprou um apartamento de cobertura por uma pechincha.

“Em suma – conclui a paneleira do Bigorrilho -, o que não nos falta são consumidores. O que está faltando, isto sim, é governo. Um governo com seus ministros, deputados, senadores e muita vergonha na cara. Nada mais, nada menos!”.

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