Às vésperas do aniversário de Curitiba, algumas providências precisam ser tomadas para os festejos. Duas delas se referem às cores e às estações do ano. Qual seria a cor símbolo de Curitiba e qual das estações harmoniza melhor com a cidade?

continua após a publicidade

O escritor Fabrício Carpinejar afirma categoricamente que Curitiba é cinza: “Cidade que muda seu tempo de repente, ficando somente entre a neblina e o nublado”. Há controvérsias. Tantas que tempos atrás foi realizada uma mesa redonda para acertar a paleta. Numa mesa-redonda, tentaram chegar a um consenso quanto à cor da cidade.

– A cor de Curitiba é vermelha – disse o programador visual do Ippuc. Vermelhos, os Expressos, Articulados e Biarticulados cruzam diariamente os eixos Norte-Sul, Leste-Oeste e a região do Boqueirão, unindo em rosa-dos-ventos os limites da cidade.

O representante dos moradores do Centro argumentou:

– Paz, queremos paz. Branca é a cor de Curitiba, dos ônibus brancos da Linha Circular-Centro, que cobrem o miolo da cidade.

O porta-voz do Partido Verde levantou uma questão de ordem:

– Curitiba é a capital ecológica. Se isso é propaganda, não importa. Importa é a nossa vontade: Curitiba é verde. Verde dos ônibus Interbairros, que em círculos concêntricos se ampliam, unindo as entranhas da cidade.

– Se todos gostassem do verde, o que seria do amarelo? A cor dos ônibus convencionais! E por que não o alaranjado, a cor do ônibus Alimentador? – protestará o usuário.

– Vocês todos são muito conservadores, caretas – há de soltar a voz o pintor Rogério Dias. Curitiba tem as cores das minhas telas, todas as cores. É colorida como os ônibus da Linha Turismo. E a propósito, por que ainda não me convidaram para pintar os meus passarinhos nos ônibus da Linha Turismo?

– Cinza! Curitiba é cinza! – interveio um leitor do Fabrício Carpinejar. A mesma cor da casa de Dalton Trevisan. Cinza do veloz Ligeirinho, de desenho moderno, da Estação Tubo que, com poucas paradas, diminui as distâncias pelo tempo.

Para usar essa deliciosa palavra dos enólogos, qual das estações “harmoniza” melhor com a cidade? Com o outono já mostrando a que veio, a primavera, o verão e o inverno que nos desculpem, mas o céu azul de Curitiba no mês de maio é fabuloso. Tão fabuloso que até criaram um ônibus chamado “Azulão”, o maior do mundo. Dos nossos artistas plásticos, o único que conseguiu captar o azul outono de Curitiba foi Wilson de Andrade e Silva (1925 – 2001), o pouco lembrado Espigão, mestre que deixou alguns discípulos que hoje vendem aquele tom de azul em metros.

Nada mais parecido com Curitiba do que o outono. Temperatura de ar condicionado a oscilar com frequência, dizem que o ziguezaguear das folhas secas em queda enlouquece os termômetros.  

Carpinejar diz que “Curitiba é o charuto casado com a taça de conhaque”. Discordo. Curitiba é o charuto casado com uísque, num fim de tarde de outono. Ernani Buchmann vai concordar comigo.

continua após a publicidade