A borboleta de Ponta Grossa e a “barbuleta” do PT

Alguns espíritos, dizem os crentes, podem aparecer para os vivos sob a forma de animais apavorantes. Mas isso não é regra – adverte Jaguara, o Animador de Velórios dos Campos Gerais. Um exemplo está no sucedido com a pianista Maria do Rocio, sempre reverenciada em Ponta Grossa.

Talento raro, Rocio começou a aprender a tocar piano com apenas quatro anos de idade, em função de uma verdadeira fascinação que sua mãe cultivava pela arte dos sons. Seus três irmãos do sexo masculino, a despeito de todos os esforços da mãe, não tinham interesse pela música.

A menina aprendeu com incrível facilidade e em pouco tempo podia ser considerada uma excelente pianista. Seus pendores para a música ficavam evidenciados no fato de a menina tocar, além do piano, acordeom, violão, cavaquinho, bandolim, cítara e gaita de boca. Com 11 anos, dona Maria, sua mãe, resolveu levá-la para São Paulo, apresentando-a nas rádios Difusora e Excelsior, onde foi constatado o prodígio.

Mas, para desgosto da menina, em 1938, a 29 de setembro, dona Maria sucumbiu, vítima de um derrame cerebral. Revoltada, Rocio abandonou sua carreira musical. Na casa em que viviam ficaram abandonados todos aqueles instrumentos que haviam sido, em vida, o motivo de infindáveis alegrias para dona Maria.

Um ano se passou e um fato inexplicável teve lugar naquela sala onde se achavam recolhidos seus antigos instrumentos. Uma senhora de nome Olímpia, que trabalhava como doméstica no lugar, entrou um dia na sala e começou a ouvir notas espaçadas ao piano:

– Dó- Ré-Mi… Dó-Fá-Sol… Ré-Mi-Lá-Si-Dó… – solfeja o Animador de Velórios dos Campos Gerais.

A mulher corajosa que era, apesar de assustada, chamou imediatamente o pai da menina para também constatar o fenômeno. Quando o senhor José transpôs a soleira da porta… já não era mais o piano e sim o violão que desprendia notas.

Daí em diante o estranho acontecimento repetiu-se inúmeras vezes e com tanta insistência que os parentes da família concluíram que tudo não passava de um aviso, de uma tentativa da falecida para fazer com que a filha compreendesse que deveria concluir seus estudos.

Maria do Rocio voltou à academia de música e concluiu o curso. No dia do exame final, momentos após a entrega dos diplomas, a saudosa órfã escolheu para executar no piano a música que mais emocionava sua mãe: o Hino Nacional Brasileiro. Quando os primeiros acordes encheram o salão nobre do Clube Pontagrossense, os presentes notaram, pasmados, a súbita aparição de uma enorme borboleta que, depois de revolutear sobre a cabeça dos assistentes foi pousar, delicadamente, na tampa do piano, ali permanecendo, vista por todos, menos pela pianista.

Pai, irmãos, tios, primos, pessoas da amizade da pequena artista que assistiam à sua colação de grau receavam que, com a aparição da borboleta, a menina fizesse feio, já que tinha verdadeira aversão pelo inseto. Mas tal não se deu e a execução prosseguiu até o final, com um brilhantismo incomum.

Uma salva de palmas coroou a extraordinária execução da menina e, por uma razão incompreensível, nenhuma das pessoas presentes, que tão atentamente observavam a misteriosa borboleta, foi capaz de indicar seu paradeiro, assim que a peça terminou.

Ninguém a viu voar, ninguém a viu dirigir-se a qualquer recanto do salão, ou mesmo a qualquer das janelas. A borboleta desapareceu misteriosamente, sem que ninguém se apercebesse.

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Nos últimos dias, quando perguntam para o Animador de Velórios dos Campos Gerais o que está acontecendo com a candidata Gleisi Hoffmann – e com os petistas, de modo geral -, o Jaguara muda de assunto e reconta a história da “Borboleta de Ponta Grossa”.  No final do relato, sempre tem um gaiato a comentar:

– Quem diria! E eu que apostava tudo nessa “barbuleta”…