Guru é o guia, o líder carismático que à sua volta congrega seguidores, às vezes fanáticos. Guruato é o que denominamos o grupo que transita em volta do líder. No século passado, o mais poderoso pertencia ao ex-deputado Aníbal Curi, o Guru da Assembleia Legislativa. De tão poderoso, quando Aníbal faleceu entrou no céu soltando o verbo e a verba: “Quem mandava aqui?”.

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Outro célebre Guru foi o poeta Paulo Leminski, que antes de ficar famoso maldizia os guruatos: “Tudo em Curitiba se faz em nível maçônico. Ou, então não se faz. Existem na cidade mais ou menos uns dez gurus, que chefiam a imaginação da rapaziada e lideram correntes, em alguns casos, expressivas da nossa inteligência. Certos guruatos só frequentam determinados bares, onde ouvem, de seus musos, teorizações estéticas, ideológicas, filosóficas e assim por diante. Se o guruato de um frequenta o bar do fulano, os outros guruatos passam longe. Há uma espécie de conflito, de rixa, entre eles e às vezes se implanta entre as equipes um estado de guerrilha. Ainda mais porque a ideia de unanimidade está completamente fora do contexto em Curitiba”.

Guru de todos os guruatos foi o jornalista Aroldo Murá. Hoje nem tanto, cansado de orientar espiritualmente seus discípulos que já se fizeram de estrelas. Nos anos de chumbo, por exemplo, o professor Aroldo também era o “exorcista” da imprensa, de tantos anarquistas e comunistas perseguidos pela ditadura que abrigava na redação do extinto semanário católico “Voz do Paraná”.

“Vozes do Paraná”, a propósito, é o nome da quarta edição do livro que Aroldo Murá vai lançar a partir das 19 horas de hoje no Espaço Cultural Solar do Rosário. Para quem está interessado em conhecer os nossos mais expressivos guruatos, é uma oportunidade rara. Todos os gurus do Paraná estarão na fila da bênção do professor.

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