Parece que foi ontem. Convocado por seu notório saber em recursos hídricos, em novembro de 2006 o engenheiro Jorge Vaine calculou em quanto tempo uma pétala de rosa, jogada aqui nas águas do Rio Bigorrilho, levaria para chegar até a Bacia do Prata. Com o tempo previsto para onze dias, foi realizado então o 1.º Préveillon de Curitiba no bar Ao Distinto Cavalheiro.
Seis anos depois, Jorge Vaine voltou a estudar o itinerário hídrico e chegou à conclusão que, levando em conta as alterações climáticas, em quinze dias as flores brancas deitadas nas águas do Rio Bigorrilho na noite de hoje (em frente ao Sesc da Esquina, no cruzamento das Ruas Visconde do Rio Branco, Fernando Moreira e Augusto Stellfeld) devem chegar à Bacia do Prata e ao colo de Iemanjá exatamente à meia-noite de 31 de dezembro, depois de cruzarem todo o Paraná através do Rio Iguaçu e descerem as Cataratas, até flutuarem ao largo de Buenos Aires.
Nos cálculos do engenheiro Jorge Vaine há uma mínima margem de erro, considerando-se que as velocidades dos diversos rios foram calculadas no balcão de um bar, depois de bem empilhadas algumas dezenas de bolachas de chope. Também são mínimas as margens de erro para quem joga suas oferendas a Iemanjá (Rainha do Mar) e Oxum (Deusa da Água Doce) no nosso tão maltratado ribeirão que nasce no Bigorrilho, desce pela Rua Fernando Moreira (a rua dos chorões) até o centro da cidade, para então se juntar aos outros leitos mais caudalosos que dão vida ao Rio Iguaçu.
Quem for ao 6.º Préveillon de Curitiba na noite de hoje, recebe no bar Ao Distinto Cavalheiro um punhado de pétalas de rosas e a certeza de um ano melhor. Ou pior, para quem não brindar Oxum e Iemanjá. No ano passado, por exemplo, um grupo de atleticanos encontrou Marcos Malucelli saindo do restaurante Spaghetto e o convidou para pedir um ótimo ano ao Furacão. O “presidente Série B” se negou a ir, argumentando que não iria sujar os sapatos num valetão fedido como o do Bigorrilho. Bem feito, deu no que deu.