O que é ser best-seller no Brasil? É difícil dizer. O gosto do brasileiro médio se comparado ao do europeu – ou mesmo as preferências literárias do argentino – pode parecer chocante. Enquanto no Velho Mundo autores como Ian McEwan e Jonathan Franzen figuram na lista dos mais vendidos, aqui a chamada alta literatura passa a largo da maioria dos “top 10”. E há um fator principal: como comparar com o apelo popular de livros como Cinquenta tons de cinza?

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A trilogia de E. L. James, para se ter uma ideia, atingiu nesta semana 5,5 milhões de cópias vendidas somente em solo tupiniquim. Longe de agradar a crítica, a escritora britânica se tornou uma coqueluche entre as mulheres de todas as idades. O filme baseado no primeiro livro da série, que acaba estrear no Brasil, ajudou a alavancar as vendas do romance.

Chamado pelo grande público de ‘erótico’, o texto de James não tem qualquer paralelo aos clássicos do gênero – como Sade, Bataille ou Sacher Masoc. Em contrapartida, a história de Anastasia e Christian Grey desembocou em um nicho pouco explorado pelas grandes editoras e criou uma verdadeira corrida a títulos ‘parecidos’, como Toda sua, de Sylvia Day – que, apesar de figurar nas listas de mais vendidos, teve ‘apenas’ 100 mil exemplares comercializados.

Em entrevista ao Estadão, o publisher Jorge Oakim, fundador da Intrínseca, editora responsável pela trilogia no Brasil, afirmou que apostou em Cinquenta tons de cinza por sentir que o livro tinha uma ideia diferente. “As pessoas que abrem o livro e não conseguem parar de ler. O desempenho da trilogia no mercado está aí para confirmar isso”, comentou.

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A grande diferença esteja, talvez, no que atualmente se encontra nas prateleiras das livraras – quando se procura um romance ‘água com açúcar’.