Marcos Rey viveu sem nunca realmente ter existido. Considerado um dos mais importantes autores da Série Vaga-Lume – uma das coleções de maior sucesso e prestígio da literatura juvenil brasileira. Por trás desse pseudônimo está Edmundo Donato (1925 – 1999), um intelectual pouco conhecido mas que contribuiu com as unha e a carne para criar o panorama literário que temos hoje.

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Muito além de seus trabalhos para os mais jovens – O Mistério do cinco estrelas, Um Cadáver ouve rádio, O Rapto do garoto de ouro e outros -, Nonato era um profícuo escritor de livros para “adultos”. Entre contos, romance e novelas (não, não é aquela novela que você está imaginando, meu caro leitor), ele chegou a ser roteirista de cinema, mas não um “cinema” qualquer: Donato escrevia pornochanchada – como As Cangaceiras eróticas, filme dirigido por Roberto Mauro, O Inseto do amor e Sedução, ambos sob a batuta de Fauzi Mansur. E pasmem: ele assinava os roteiros com o mesmo nome que publicava os livros infantis.

Mais que corajoso, Marcos Rey era um homem de talento, que levava o seu poder de fabulação aos extremos e deixava claro qual era a sua missão nesse mundo: escrever, pura e simplesmente escrever. Ele e seu irmão, Mário Donato autor de Presença de Anita, que inspirou a minissérie da TV -, são responsáveis por diversas traduções e crônicas sobre a cidade de São Paulo.

E foi justamente no momento em que sua vida terminou que Edmundo Donato, o eterno Marcos Rey, formalizou sua união com a metrópole. Sua cinzas foram jogadas na cidade – do alto de um helicóptero por sua esposa.

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